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A força do veículo chamado “Rádio”

No início da década de 70, eu trabalhava na Rádio Excelsior (AM 840). A sede da emissora era no Edifício Ruby, no quarto andar, na Praça da Sé, e o diretor da rádio era o saudoso, Wilson Alves de Menezes, que depois foi também dono da Rádio Piatã FM, e mais tarde se tornou diretor do Esporte Clube Vitória.

Nessa época, o Sr. Wilson tinha como sócio Valfredo Rezende. Os dois, na oportunidade, decidiram comprar a Rádio Bahiana de Ilhéus, uma das mais fortes da região. O Rádio FM ainda não tinha chegado na Bahia.

O departamento de esportes da Rádio Excelsior era chefiado pelo, também, saudoso Fernando José, que depois se tornou Prefeito de Salvador. Antes, ele passou por vários órgãos de comunicação, tendo apresentado programas em diversas rádios e também na televisão.

Como o Sr. Wilson Menezes sempre foi um homem ligado ao esporte, decidiu criar um departamento de esportes na Rádio Bahiana. As resenhas eram retransmitidas pela Rádio Excelsior. Só que durante os jogos, precisava deslocar um narrador para o interior, pois a cidade tinha três clubes na primeira divisão do futebol baiano.

Eram Colo Colo, Vitória e Flamengo. Geralmente, existiam jogos aos domingos e a transmissão no estádio Mário Pessoa, tinha de ser feita ao vivo. E quem foi o nome escalado para fazer esses jogos? Mário Freitas.

E assim, durante quase dois anos, fiquei indo aos sábados e voltando aos domingos, à noite, para a bela São Jorge dos Ilhéus. Aproveitei bastante, os bares da Avenida Soares Lopes, as belas praias do litoral Sul e comi muito o famoso pitu da Lurdinha, no seu restaurante, o “Céu é o Limite”.

Fiz grandes amizades. Algumas permanecem até hoje, como é o caso do radialista José Maria, que na época era o colunista social Josefh Marie, que conseguiu dar um título ao Colo Colo, no ano de 2006, quando derrotou o Vitória em pleno Barradão por 2 a 1, depois de ter ganho em Ilhéus por 3 a 2.

Ficava hospedado geralmente no Ilhéus Hotel do grande Jocelin Macedo, uma referência na cidade ilheense e que morreu, recentemente, já bastante idoso.

Numa dessas minhas idas a Ilhéus, resolvi chamar o meu primo, parceiro e amigo, Raimundo Souza, (o Raimundinho, Cuíca de Bom Jardim), ex-funcionário da Souza Cruz e da Texaco,  para ir de carro a Ilhéus. E vejam que viagem de “maluco”. E fizemos por duas vezes. Saímos de Salvador, às 6 horas da manhã, chegamos por volta das 11 e meia e voltamos depois do jogo, chegando aqui perto da meia noite.

Na época, eu tinha um Fusca da Volkswagen, e a estrada BR 101, neste trecho até Itabuna, tinha acabado de ser inaugurada e estava em perfeitas condições. Diminuiu a viagem em cerca de seis horas, pois antigamente o trajeto era feito via Feira de Santana e Jequié.

Acompanhado das mulheres, saímos de Salvador e fomos falando sobre a força do rádio. Só existia o AM. Paramos num posto, perto de Santo Antônio de Jesus, para abastecer e falei:

– Raimundo, você quer uma prova de como o rádio é um veículo forte?  Duvido que esse frentista não me conheça, e  a outros colegas que trabalham em rádios de Salvador.

Ele disse: acho difícil, “mas pergunte”?

– Amigo, você conhece França Teixeira?

– Claro, conheço. Respondeu o rapaz.

– Conhece Fernando José? Mário Freitas?

– Conheço. Eu ouço todas as três rádios de Salvador: a Cultura a Excelsior e a Sociedade.

Pronto, abastecemos o carro e o Raimundo falou:

– Ele conhece nada, rapaz. Ele quis ser educado com você. Vamos parar em outro posto e perguntar.

E continuamos a nossa viagem. Já perto de Gandu, fomos abastecer de novo e tirar a prova sobre a força do rádio. Parei, chamei o frentista e perguntei:

– Amigo, você conhece França Teixeira?

– Conheço, sim.

Nisso, o Raimundo falou:

– Qualquer nome que você falar ele vai dizer que conhece.

Vamos testar, mas acho que as rádios de Salvador penetram nesta região com muita facilidade.

– Amigo, você conhece Raimundo Souza?

– Esse aí não. Trabalha em qual rádio?

– E Mário Freitas, você já ouviu falar?

– Sim. Claro. Esse trabalha na Rádio Excelsior.

Eu saltei do carro e falei:

– Sou eu, em carne e osso, meu amigo. Estou indo para Ilhéus transmitir um jogo de futebol.

O rapaz ficou feliz da vida em me conhecer e o Raimundo, também, conhecido como Raimundinho, nunca mais teve dúvidas da força do rádio, principalmente das ondas AM. Atualmente, com a modernização, o rádio físico, praticamente, está deixando de existir, pois a sintonia é feita pela internet.

O dia em que eu provei a força do rádio AM, na rodovia BR 101, indo para Ilhéus, foi mais uma das histórias que aconteceram comigo neste fantástico mundo da bola.

Marão Freitas.

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