Search
Close this search box.

A minha maior emoção como cronista esportivo

Nunca neguei que a minha maior paixão por um clube de futebol foi a que tive pelo Vasco da Gama do Rio de Janeiro. Pelo fato de ter nascido em Santo Amaro e ser o sétimo filho de uma família de sete homens, acompanhava os meus irmãos mais velhos ouvindo jogos do Campeonato Carioca pelo rádio.

Até hoje, os clubes do Sul, principalmente os grandes do Rio, e até mesmo os paulistas, têm um grande número de torcedores pelo interior do estado e em outros estados do Norte e Nordeste.

Mas nunca neguei também a minha simpatia pelo Vitória, principalmente depois que entrei na imprensa esportiva e fui escalado para cobrir o clube, e também quando criei uma equipe esportiva, para cobrir na íntegra, exclusivamente, os jogos do chamado “Leão da Barra”.

Apesar de tudo, sempre achei importante que tivéssemos um Bahia forte e até mesmo uma terceira força. No passado, até que Galícia e Ypiranga ameaçaram ocupar este espaço, mas não tiveram sucesso.

No interior, tivemos o Fluminense, em Feira, (duas vezes campeão baiano), o Atlético de Alagoinhas (só chegou a vice-campeão) e o Conquista, também com um vice-campeonato.

E apesar de torcer pelo Vitória, nunca deixei de respeitar o Bahia, inclusive nos clássicos. O ex-presidente Paulo Maracajá tinha uma célebre frase “eu queria que todo Vitória fosse igual a Mario Freitas.”

E foi o Bahia quem me deu a maior alegria e emoção como cronista esportivo ganhando no dia 19 de fevereiro de 1989 o título de campeão brasileiro de 1988.

Eu e poucos cronistas esportivos baianos tiveram este privilégio de transmitir uma final de Campeonato Brasileiro com a conquista de um time baiano. Quatro anos depois, fiz a final no Pacaembu de Palmeiras e Vitória, quando o clube baiano ganhou o vice-campeonato brasileiro.

Mas naquele ano de 1989, eu quase ficava de fora da transmissão dos jogos finais. Tive uma grave crise de garganta no final do ano anterior e alguns médicos chegaram até a afirmar que eu tinha pneumonia.

Mas não passou de uma tremenda crise de faringite, e eu tive condições de fazer as duas partidas da final. Na época estava na Rádio Cultura da Bahia (AM 1140).

Na quarta-feira (15/02) no jogo da Fonte Nova, o Internacional saiu na frente com um gol de Leomir. Mas Bobô, em grande fase, um dos responsáveis pela conquista daquele título, fez dois gols e virou o placar para 2 a 1.

Agora, só faltava um empate para a consagração. Lembro que desde o início da semana, já tínhamos definido como seria o esquema de cobertura da final.

Renato Lavigne cobria o Vitória, mas sempre foi um repórter imparcial em suas participações e demonstrou interesse em estar presente da grande final no Beira-Rio.

– Beleza, Renatão, caia em campo. Venda as suas despesas e a gente vai.

Na época, os dois comentaristas da equipe eram Martinho Lélis de Santana e Eliseu Godoi. Armamos o mesmo esquema. Os dois caíram em campo e venderam cotas para cobrir as despesas.

E desta forma, a equipe da Rádio Cultura viajou com quatro profissionais para a histórica e grande final do dia 19 de fevereiro de 1989, na cidade de Porto Alegre.

Depois do vencer por 2 a 1 a partida de ida na Fonte Nova, o Bahia jogava apenas por um empate para conquistar pela segunda vez o título de campeão brasileiro.

E naquela tarde quente do verão de Porto Alegre o Bahia conseguiu segurar o ímpeto do Internacional, apontado por muitos como favorito, e depois de um suado 0 a 0, sagrou-se pela segunda vez campeão brasileiro.

Para mim foi uma emoção muito grande. Eu sempre vibrei com grandes jornadas, mas aquela sem dúvidas foi a maior de todas. Depois vieram outras como o vice-campeonato brasileiro do Vitória, o Brasil campeão do Mundo nos Estados Unidos e tantas outras.

Mas nenhum jogo foi tão importante para a minha carreira profissional como transmitir uma final com um dos nosso representantes conquistando o título.

Aquela tarde onde Ronaldo, Tarantini, João Marcelo, Claudir e Paulo Robson; Paulo Rodrigues, Gil e Bobô; Osmar, Zé Carlos Charles e Marquinhos, sob o comando do meu amigo Evaristo de Macedo, seguraram um heroico empate sem gols, está marcada definitivamente na minha vida como cronista esportivo.

Marão Freitas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *