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A noite em que perdi 50 reais para acabar com um tumulto num hotel em Recife

Na década de 90, o Vitória foi fazer um jogo em Recife contra o Sport pelo Campeonato Brasileiro da Série A. Era um jogo importante e sete emissoras de rádio de Salvador e do interior foram fazer a cobertura. No total, eram 14 profissionais da crônica esportiva. Como havia um congresso na capital pernambucana, estava difícil  de conseguir hospedagem na Boa Viagem, onde costumávamos ficar.

Eu estava na Rádio Excelsior (AM 840) e viajei com o meu parceiro e amigo, o “brother” Renato Lavigne. E em função das dificuldades de hospedagem, encontramos uma solução: chamamos dois companheiros de outra rádio (não vou falar o nome por questão de ética) para dividir um apartamento. Pelo menos na primeira noite, pois precisaríamos de duas diárias, pois o jogo seria numa quarta-feira, à noite, e nós chegamos lá na terça-feira.

Conseguimos um apartamento quadruplo, em um hotel, por uma noite no bairro da Boa Viagem. Pegamos um táxi, fizemos o check-in e fomos tomar uma água de coco na bela Avenida Boa Viagem.

Nesta época, eu estava fascinado em estudar Inglês e queria logo voltar para o hotel para fazer os meus exercícios, pois na semana seguinte já tinha uma prova marcada no CCAA.

A avenida estava super movimentada. Aliás, é um dos pontos de atração turística de Recife. Chamei os três colegas, mas só o Renato Lavigne topou voltar comigo. Os outros dois preferiram continuar lá por mais tempo.

Eu cheguei, fui estudar, e pouco tempo depois peguei no sono. O Renato Lavigne que disse estar cansado, colocou a cabeça no travesseiro e já foi. Dormiu logo. Por volta das 2 horas da madrugada eu e o “brother” acordamos com um desentendimento dentro do nosso apartamento. Um dos dois colegas decidiu levar uma garota para o hotel e o bicho pegou:

– Você prometeu me dar 100 reais e agora vem me oferecendo 50. Isso não se faz. Não é justo. Quero o que foi acertado.

– Eu estou lhe dando o que prometi. Disse o colega.

Eu e o Lavigne que tínhamos acordado assustados, não estávamos entendendo nada. A garota estava irredutível.

– Olha, eu tenho uma filha pra dar de comer. Mas vou lhe dizer, eu queria estar com Aids para lhe contaminar. Isso não se faz. E tem mais: vou fazer um escândalo aqui nesse hotel. Vou quebrar logo essa televisão.

Aí eu pensei: vou entrar nessa parada para apaziguar esta situação. Dei uma de bombeiro. Perguntei ao colega se ele tinha prometido realmente pagar os 100 reais. Ele disse que a garota entendeu errado.

– Mentira! Ele me prometeu 100 reais, mesmo. Faço programa, mas não sou mentirosa.

Pronto, o “rebu” estava formado. E aquela confusão não ia terminar bem. Decidi entrar na parada.

– Olha aqui, menina. Vou lhe dar os 50 reais e você vai embora tá certo?

– Tudo bem. Mas ele é quem devia me pagar. Muito obrigada e Deus lhe pague.

Pronto. A menina saiu, a paz voltou a reinar no ambiente e eu perguntei ao colega se ele tinha prometido mesmo pagar os 100 reais.

– Mas ela não fez o que nós tínhamos combinado. Respondeu.

Disse a ele que acerto é acerto, e se prometeu tinha que pagar. Mas preferi perder 50 reais, para ter uma noite de sono tranquila, pois no dia seguinte tinha jogo importante para narrar.

A noite em que perdi 50 reais para acalmar um ambiente em um apartamento de um hotel de Recife, foi mais uma das histórias que aconteceram comigo neste fantástico mundo da bola.

Marão Freitas

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