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A transmissão de um jogo através dos sinais do parceiro Renato Lavigne

Na década de 90, a divisão de base do Vitória era uma das mais fortes do Brasil. Aliás, com jogadores formados em casa, o clube chegou a dois vice campeonatos brasileiros: um da Série B, decidindo contra o Paraná, e outro da Série A, numa decisão contra o Palmeiras.

Nilton Mota, que coordenava as divisões de base do Bahia, foi contratado pelo Vitória. Na oportunidade, vários jogadores foram com ele, deixando o clube de origem.

Aliás, este fato gerou uma tremenda crise entre os dois clubes. Mas, depois a situação se acalmou. E eu tive uma participação importante nessa “paz”. Um dia, vou contar para vocês.

Nilton Mota sempre entendeu que era importante para os meninos da base participar de competições internacionais. E uma das mais importantes era o Dallas Cup.

Como eu o Renato Lavigne sempre demos uma excelente cobertura ao Vitória, desde a época em que criamos a nossa equipe esportiva em 1988, também decidimos acompanhar as equipes da base no exterior.

Geralmente, fazíamos boletins para a Resenha do Meio-Dia, para o Show de Bola da Noite e também para o Programa Grito Rubro Negro, que era apresentado incialmente, aos sábados, na Rádio Excelsior.

Numa dessas competições, na década de 90, o Vitória fez uma brilhante campanha e se classificou para fazer a final da competição contra o São Paulo.

O jogo foi realizado num sábado, à noite. Três dias antes, chamei o Lavigne e disse:

Brother, estou com uma ideia. Vamos fazer a transmissão desta final .

– Rapaz, se conseguirmos vamos matar a pau. Faremos sozinhos e não tem transmissão de televisão.

– O problema é a despesa. Mas vamos começar a tentar vender algumas cotas.

E aí começamos a batalhar para vender as cotas, de lá mesmo, ligando para alguns amigos. E tínhamos também de comprar um telefone celular para fazer a narração do jogo.

Tudo combinado, tudo certo. Compramos o telefone e, por uma falha incrível de minha parte, e olhem que sou muito atendo a este tipo de situação, quase a transmissão não era realizada.

Eu não fui no estádio onde foi realizado o jogo, para fazer o teste com o telefone. Chegamos cedo no estádio e quando tentei ligar para o Brasil, nada.

Lembro que estava junto de mim e Lavigne, neste momento, o saudoso e querido Maneca Tanajura, conselheiro do Vitoria e um dos grandes amigos que fiz no futebol.

– Rapaz como é que você compra um aparelho celular e não vem no estádio testar?

– Não fale, Maneca. Um erro imperdoável.

Mas àquela altura tínhamos de encontrar uma solução. Existia um telefone público situado por trás da arquibancada do estádio que era dividida em duas etapas.

Usamos este “orelhão”, ligamos para a Rádio Excelsior, fizemos o teste com o operador e estava tudo ok. Tínhamos na época um cartão da Embratel com créditos suficientes para fazer o jogo.

Mas tinha um problema: do local onde o telefone estava localizado, eu não podia ver o jogo. Foi ai, então, que eu e o Lavigne tivemos a ideia de ele ficar entre uma parte e outra da arquibancada e ia me orientando através de sinais, onde a bola se encontrava.

E, modéstia à parte, fizemos um trabalho legal. Até hoje, tenho essas fitas gravadas e guardadas. Transmiti o jogo sem ver, só com os sinais que o Lavigne me fazia.

E tivemos um grande problema no intervalo. Como tinha muita gente no estádio, e só existiam dois telefones, se formou uma fila enorme perto de mim, e o pessoal me dando pressa, porque queriam fazer ligações.

Na época, eu não falava bem o Inglês. Como em Dallas, muita gente também fala Espanhol, consegui me comunicar com alguns e Lavigne chamou um policial que nos deu cobertura.

Explicamos para ele que estávamos fazendo a transmissão do jogo para o Brasil, e no final deu tudo certo. E melhor ainda porque o Vitória ganhou o título na decisão por pênaltis.

Marão Freitas

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