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Bar do topless. Um colírio em Porto Alegre

No passado, a crônica esportiva viajava para cobrir jogos de futebol ao vivo. Às vezes, algumas emissoras mandavam narrador, comentarista, repórter e até técnico de som.

Mas o normal mesmo era viajar o narrador e o repórter. Na década de 70, algumas emissoras davam preferência ao comentarista, em detrimento do repórter.

Na década de 90, fui muitas vezes a Porto Alegre para transmitir jogos do Bahia e do Vitória. Aliás, foi em Porto Alegre que tive a minha maior emoção como cronista esportivo, no dia 19 de fevereiro de 1988.

Naquela data, depois de um empate sem gols com o Internacional, o Bahia sagrou-se, pela segunda vez, campeão brasileiro, pois na quarta-feira anterior tinha vencido o jogo na Fonte Nova por 2 a 1.

Numa dessas idas a Porto Alegre, para cobrir um jogo do Vitória, viajei com o repórter Renato Lavigne. Lá no Rio Grande do Sul conhecíamos um taxista que sempre ia nos pegar no aeroporto e levar para os estádios.

Era o Pavão, mas este já estava se aposentando e passou o taxi para o seu filho. Fizemos uma boa amizade, também, com o Severo. Um cara gente boa, pontual e que sempre fazia alguns descontos nas corridas.

Chegamos numa terça-feira, por volta das 14 horas, para um jogo contra o Internacional, no dia seguinte. No horário combinado, lá estava o Severo nos esperando no aeroporto Salgado Filho.

Pegamos as malas, entramos no carro e o Severo nos falou:

– Tchê, tenho uma novidade legal aqui em Porto Alegre para vocês.

– O que é Severo? Perguntamos.

– Foi inaugurado o “bar do topless”. As gurias atendem os clientes só de calcinha.

Eu e o Lavigne ficamos interessados em conhecer, mas imaginávamos que só funcionava na parte da noite. Mas estávamos enganados. Abria diariamente a partir das 14 horas.

– Já está aberto . E fica perto do hotel de vocês. Caso queiram, espero que guardem as malas e deixo vocês lá.

Pronto. Tudo combinado. Fomos no hotel, fizemos o nosso check-in (entrada no hotel), subimos no apartamento, deixamos as malas e fomos conhecer a novidade em Porto Alegre.

Chegamos por lá, sentamos numa mesa, e de repente vem nos atender uma linda garota, morena, usando somente uma calcinha. Para nós foi uma supressa. A gente que já tinha viajado por muitos países,  pela primeira vez fomos atendidos por uma garçonete daquele jeito.

O bar era muito pequeno e tinha outra garota também servindo nas mesas. Mas eram aproximadamente cinco ou seis somente, e naquele horário, por volta das 15 horas, a frequência era pequena.

Mas eu o Lavigne desconfiamos que aquilo ali não era só um bar. Fomos ao sanitário no fundo do estabelecimento e vimos que existia uma escada que dava acesso a um outro compartimento.

– Isso aqui está parecendo que é um breguinha de luxo. Comentamos.

Nessa época, ainda arriscava uma cervejinha. Hoje já não bebo mais nada que contenha álcool, por livre e espontânea vontade. De repente, chegou um cara muito educado, se dizendo gerente e falou:

– E aí, é a primeira vez de vocês aqui?

Respondemos que sim.

– Gostaram?

– Claro, né amigo! Como não gostar de ser atendido por duas belas gatinhas iguais a essas, e só de calcinha?

Ele pediu licença, e em poucos minutos voltou.

– Vocês não querem ficar com as gurias? Elas cobram barato. É somente 200 reais e o apartamento que fica aqui na parte do fundo já está incluído.

Respondemos que não e dissemos que estávamos ali só mesmo para conhecer o “bar do topless”, por indicação do Severo, um taxista amigo, lá mesmo de Porto Alegre.

Demoramos mais um pouquinho nos deliciando, olhando os peitinhos das “garçonetes”, pagamos a conta, pegamos um taxi e voltamos para descansar em nosso hotel.

No trajeto de volta, conversamos que tínhamos falado que aquele local parecia um “breguinha” de luxo e acertamos. Mas o nosso objetivo era somente conhecer o local e colocar um colírio nos olhos vendo as duas gatíssimas, só de calcinha servindo nas mesas do bar.

Um lembrete: para os homens que ficaram interessados, lamento informar que o citado bar já não mais existe em Porto Alegre. Aliás não durou mais do que dois anos.

Marão Freitas

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