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EXCLUSIVO: Vice-presidente do Bahia avalia a temporada 2020, alerta sobre impacto financeiro e prevê o ano de 2021 mais consistente

O Bahia vai iniciar a temporada 2021 com o time principal neste sábado (6), diante do Botafogo/PB, pela Copa do Nordeste, em Salvador. Na temporada passada, o Tricolor conquistou o título de Tri Campeão Baiano, caiu diante do Ceará na final de Nordeste e viveu insucessos na Copa do Brasil, Sul-Americana e lutou, até a penúltima rodada do Campeonato Brasileiro da Série A contra o rebaixamento.

Pressionada, a Diretoria Executiva do clube revelou o planejamento para a temporada vigente na quarta-feira (3).

Em entrevista exclusiva ao Em Cima do Lance, com o repórter Flávio Gomes, o vice-presidente do Bahia, Victor Ferraz, avaliou a temporada 2020 e disse que a queda de rendimento do time se “deu por uma série de circunstâncias que ocorreram ao longo da temporada”.

Ferraz disse ainda que “a conquista da vaga na Sul-Americana ameniza um pouco a frustração em relação ao resultado de 2020, mas coroa o esforço na reta final do campeonato”. Do ponto de vista financeiro, a diretoria quer reequilibrar as finanças e reconduzir o clube “para um caminho de tranquilidade para que não perca credibilidade que o Bahia recuperou no mercado ao longo dos últimos anos”.

Com a permanência dos quatro clubes nordestinos na Série A em 2021, o vice-presidente do Tricolor afirma que “não há mais lugar cativo no futebol”  e deixa uma a mensagem importante para o cenário esportivo “que é preciso olhar para o nordeste de uma forma diferente”.

O Bahia viu o Ceará se destacar em 2020, inclusive vencendo a maioria dos jogos contra o Tricolor e conquistando a Copa do Nordeste em Pituaçu. Para Ferraz, é natural a manifestação do momento do Ceará e avalia que o Bahia não perdeu a hegemonia do Nordeste. “Isso se prova dentro de campo e nosso trabalho é para que consigamos fazer um 2021 muito melhor”.

Sobre contratações, Victor Ferraz alertou que o torcedor precisa estar “consciente da situação do clube já que, o ano de 2020 trouxe um impacto financeiro muito grande”.

Confira na íntegra:

O Bahia vai disputar a Série A pela quinta vez consecutiva. O objetivo de 2020 era continuar na parte de cima da tabela. Qual o fator determinante para a queda de produção?

Não existe apenas um fator. Começamos a temporada 2020 tentando mudar um pouco o perfil do nosso time. O Bahia se notabilizou nos últimos anos por ter times reativos, que assumiam uma condição mais defensiva, puxando o contra-ataque em velocidade e após a temporada 2019 houve um consenso na diretoria quanto a possibilidade de montar um time mais proposito e essa mudança não surtiu o efeito que esperávamos, por diversas questões.

Alguns atletas que nós trouxemos não conseguiram dar a resposta esperada e houve um impacto grande por conta da pandemia, quando do retorno das atividades, encontramos dificuldades na parte física e as mudanças que foram feitas no curso do campeonato, também não surtiram efeito, embora essas mudanças, seja nas contratações ou mudanças no comando técnico, tenham sido bem recebidas pela torcida, não houve o resultado esperado, a exemplo da contratação do treinador Mano Menezes, e isso fez com que a gente tivesse um desempenho abaixo do que a gente esperava.

Conquistar uma vaga na Sul-Americana acabou sendo lucro, após escapar do rebaixamento. Em evolução na organização financeira, o Bahia vai engordar os cofres com a venda de Gregore e com a participação da competição Intercontinental. O que a diretoria pensa em investir com esses ganhos?

A conquista da vaga na Sul-Americana ameniza um pouco a frustração em relação ao resultado de 2020, mas coroa o esforço na reta final do campeonato, a entrega, o empenho e a dedicação de todos os envolvidos para que pudéssemos sair daquela situação incômoda. Existe uma mistura de sentimento de alívio e conquista dessa unidade em prol do objetivo do clube

Financeiramente falando, a gente vem de um ano muito difícil. O Bahia depende muito do seu torcedor, da presença em estádio, da adimplência do sócio. E, naturalmente, pela impossibilidade da torcida comparecer ao estádio e da dificuldade que parte dos torcedores tiveram com suas receitas, tivemos impacto muito grande na receita do clube, e essas operações que estão acontecendo de atletas, vêm para amenizar um pouco os efeitos desse ano tão difícil e nos ajudar a contornar alguns problemas ocasionados por essa supressão de receitas tão forte que houve em 2020.

O objetivo inicial do ponto de vista financeiro é conseguir reequilibrar o clube, reconduzir o clube para um caminho de tranquilidade para que não perca credibilidade que o Bahia recuperou no mercado ao longo dos últimos anos.

Qual o impacto no futebol com a permanência dos quatro principais clubes do Nordeste na Série A?

Reforça a ideia de que não há mais lugar cativo no futebol. Camisa tem uma importância, mas não é suficiente, e os times do nordeste têm também camisas muito fortes. A organização, o trabalho e a disciplina vêm ganhando uma maior relevância e refletindo de maneira mais imediata no desempenho esportivo das equipes.

Esse resultado final, com a permanência dos quatro clubes nordestinos na Série A, reflete um pouco disso e mostra para o cenário esportivo que é preciso olhar para o nordeste de uma forma diferente. É uma mensagem importante que a gente passa.

O Presidente do Ceará, Robinson de Castro, disse que o Bahia estava “um pouquinho na frente” deles, mas que iria passar o Bahia e estar entre os dez do Brasil. Qual a avaliação deste cenário? O Bahia vai retomar a hegemonia da região?

Esse tipo de manifestação é natural diante do bom ano que tiveram e dos resultados esportivos importantes. Imagino que tenha sido um dos melhores anos do Ceará nos últimos anos, esportivamente falando, e isso gera um sentimento de orgulho. Nós temos uma excelente relação com a diretoria do Ceará e parabenizo pelo desempenho. Mas no futebol se precisa provar constantemente. Nos nossos últimos anos tivemos resultados muito importantes e, esportivamente falando, uma evolução e sofremos em 2020 com dificuldades que nós não passamos nos últimos anos.

O Ceará em 2019, por exemplo, esteve brigando para não cair, e em 2020 conseguiu fazer uma campanha muito melhor, conquistando inclusive a Copa do Nordeste. Há ainda essa oscilação que é muito por conta da pequena margem de erro que clubes como Ceará e o próprio Bahia, tem que ter um planejamento muito assertivo, para que não sofra com esse tipo de oscilação no desempenho esportivo.

Compreendo a manifestação do Ceará e nosso trabalho é pra que a gente possa manter e não entendemos que o Bahia não perdeu a hegemonia do Nordeste e isso se prova dentro de campo e nosso trabalho é para que consigamos fazer um 2021 muito melhor.

O que o torcedor pode esperar em relação à contratação de reforços para a temporada? É possível prever objetivos maiores dentro de campo?

A gente espera fazer um ano muito melhor que foi em 2020. Claro que não podemos vender ilusões ao torcedor e precisamos deixar o torcedor absolutamente consciente da situação do clube. Como disse, o ano de 2020 trouxe um impacto financeiro muito grande e vamos ter que administra-lo nos próximos anos.

Isso não impede de sermos mais assertivos e termos bons resultado em 2021. O trabalho é nesse sentido e esperamos entregar ao torcedor resultados mais consistentes que o de 2020 e que possamos ter conquistas nessa temporada, e temos condições para isso, e que a gente não passe por sustos como passamos no Campeonato Brasileiro.

As mudanças que temos feito no departamento de futebol são justamente para que possamos diminuir a margem de erro em relação às ações do futebol em si e estamos confiantes que vamos fazer um ano de 2021 melhor.

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