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Garganta Profunda: o primeiro filme pornô que assisti e o primeiro palavrão que ouvi em um cinema

A minha primeira viagem para fora do Brasil foi em 1976. Em companhia do narrador Nilton Nogueira, e do comentarista Edson Almeida, fui para os Estados Unidos cobrir o Torneio Bicentenário, que teve a participação da seleção local, a Seleção Brasileira, na época dirigida pelo falecido Osvaldo Brandão, a Itália e a Inglaterra. Trabalhava na Rádio Excelsior (AM 840) e no extinto Jornal da Bahia.

Na oportunidade, estava sendo lançado o primeiro filme de sexo explícito no país americano. Era o  “A Garganta Profunda” , estrelado por Linda Susan Boreman que morreu anos depois, após sofrer um desastre de carro, aos 53 anos, em 2002. Chegou a ser levada a um hospital, porém não resistiu aos ferimentos.

Não lembro o nome do hotel onde ficamos hospedados em Los Angeles. Mas recordo que um dos cinemas onde o filme estava sendo exibido ficava nesta mesma rua, a poucos metros de distância.

Só que o sucesso de bilheteria do filme era tão grande que tivemos de comprar os ingressos com dois dias de antecedência. Aliás “A Garganta Profunda” até hoje é um dos filmes mais vistos pelos americanos, deixando uma arrecadação superior a 600 milhões de dólares na época.

Entramos no cinema, eu Nogueira e Edson e de repente começa o filme. Para nós, que nunca tínhamos visto um filme de sexo explícito, a surpresa foi grande. Falamos baixinho um no ouvido do outro:

– O que é isso? Caramba, nunca imaginei ver isso numa tela de cinema.

E no momento mais excitante do filme, quando a atriz pratica o sexo oral, ouvímos na plateia uma frase:

– Puta que pariu. O que é isso que estou vendo?

Não deu outra. Era um brasileiro, que também estava cobrindo a Seleção Brasileira, e ao assistir aquela cena do filme não se conteve, e usou aquela expressão, de tão surpreso que ficou.

Na saída, nos encontramos, tinham vários brasileiros no cinema, e fomos comentando que jamais imaginaríamos ver cenas como aquelas numa tela de cinema. Ficamos comentando como seria a reação da plateia se um filme com aquelas cenas, na época (1976), fosse exibido nos cinemas brasileiros.

Linda Lovelace, como ficou conhecida a atriz principal do filme, confessou tempos depois de fazer o trabalho, que foi obrigada pelo ex-marido, Chuck Traynor, e confessava que aquilo foi um verdadeiro estupro a que foi submetida.

Antes de sofrer o acidente, que a levaria à morte, Linda Boreman afirmou que não ganhou nada para fazer o primeiro filme pornô americano e fazia campanhas para que novos filmes do gênero não fossem produzidos.

A noite em que assisti o primeiro filme pornô na minha vida e ouvi um brasileiro pronunciar um palavrão num cinema, em Los Angeles, foi mais uma das histórias que aconteceram comigo neste fantástico mundo da bola.

Marão Freitas.

 

 

 

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