Em 1980 os então denominados Jogos Universitários Brasileiros foram realizados em Santa Catarina, na cidade de Florianópolis. A Bahia tinha boas chances de medalhas nas modalidades de vôlei masculino e feminino. Na época, eu dava excelente cobertura aos chamados esportes amadores na Rádio Excelsior (AM 840) e no Jornal da Bahia.
Convidei os meus parceiros e amigos, o saudoso Amauri dos Santos Alves (Mamau) e Agripino Meneses Franco (o querido AGP), para acompanhar somente alguns jogos, pois não poderíamos ficar o tempo todo da competição em Santa Catarina.
Assistimos alguns jogos, passeamos pela aprazível Floripa, mas não podíamos ficar até o fim das competições, pois tínhamos compromissos em Salvador. E além disso, programamos passar dois dias em Curitiba.
Lembro que a nosso voo de Florianópolis para Curitiba era na manhã de um domingo, às 7 horas. Chegamos cedo no aeroporto e nos dirigimos ao balcão da Varig para fazermos o check-in.
Fomos informados pelo único funcionário da extinta companhia aérea, Varig, de nome Luizinho, que o voo que vinha de Porto Alegre, e nos levaria a Curitiba, estava atrasado. E não tinha previsão de chegada.
Ele me perguntou se nós admitíamos viajar de carro. Era uma viagem de aproximadamente 4 horas. Pedí um tempo, conversamos à parte, e voltei com a resposta para ele:
– Nós vamos esperar que o avião chegue.
Nisso, o tempo vai passando e o Luizinho só informando que ainda não tinha uma previsão de quando o avião pousaria em Floripa. Resolví ir na Transbrasil e me informaram que existiam dois voos para Curitiba. Um saindo às 11 e outro às 19 horas.
No voo das 11 horas só tinha um lugar. Pedí ao Luizinho que, por favor, providenciasse colocar o Amauri. Como neste período ainda se podia endossar um bilhete de uma companhia aérea para outra, ele mesmo tomou as providências e o Mamau viajou na frente.
O tempo foi passando e nada do avião da Varig chegar. Fui então no DAC (Departamento de Aviação Civil), que mudou de nome em 2006, e expliquei a situação. Pela lei, a Varig teria que nos pagar, em dobro, o trecho não voado, e ainda conseguir nos acomodar em outro voo para Curitiba.
Um senhor do DAC foi conosco até o balcão da Varig e disse ao Luizinho que ele tinha de nos reembolsar em dobro (a esta altura a mim e ao Agripino) e ainda nos colocar no voo da Transbrasil que sairia mais tarde. O funcionário da Varig tentou contestar a posição do representante do órgão federal e este respondeu em tom áspero e forte:
– Senhor Luizinho, aqui quem manda é a lei. E a lei aqui sou eu. Reembolse os dois passageiros e os coloque no próximo voo para Curitiba.
– Mas senhor, não tenho dinheiro aqui no aeroporto. E hoje é domingo.
– O problema não é meu. É seu. Resolva!
Eu e o Agripino ficamos só de lado observando. O Luizinho, então, resolveu pegar um táxi e nos levou até a agência da Varig, localizada no centro da cidade, nos devolveu o valor em dobro, voltamos para o aeroporto e ele conseguiu os dois lugares no voo da Transbrasil.
Chegando no aeroporto, fomos outra vez no DAC e agradecemos ao senhor, que nos deu total assistência. Por volta das 19 horas, saímos de Florianópolis e só depois chegamos em Curitiba, onde o Amauri nos esperava.
Foi um domingo perdido, mas fizemos prevalecer os nossos direitos.
Decidimos dividir o dinheiro que recebemos da Varig também com o Mamau, que tinha vindo na frente, e ainda deu tempo para jantar na fria capital paranaense.
Marão Freitas