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O dia em que a carioca Teresão me salvou de uma “derrota” maior na praia de Pitinga

Na década de 90, a cidade de Eunápolis tinha um time de futebol na Série A do Campeonato Baiano. Na oportunidade, eu estava na Rádio Excelsior AM- 840 e mantinha uma permuta publicitária com a extinta Nordeste Linhas Aéreas, que depois foi adquirida pela Varig, que anos depois, também, encerrou as suas atividades na aviação nacional.

Como os voos da Nordeste eram para Porto Seguro, pois a cidade fica a apenas 62 quilômetros de distância de Eunápolis, as equipes que iam fazer os jogos naquela cidade iam sempre para a bela Porto Seguro.

Num determinado jogo do Bahia, viajamos eu, Fernando Cabús, comentarista, e o saudoso Antônio Vieira, repórter, para a cobertura de Bahia x Eunápolis. O voo de Salvador para Porto Seguro tem normalmente a duração de 35 a 40 minutos.

O jogo era num domingo, mas decidimos antecipar a nossa viagem para a sexta-feira. Chegamos no aeroporto, alugamos um carro fomos para o hotel, deixamos as nossas malas e fomos para agradável praia de Pitinga.

Nessa época, eu ainda arriscava uma cajarosca, (hoje não bebo nada que contenha álcool, por decisão própria). Paramos numa barraca, por volta das 14 e 30h, e chamamos a garçonete.

Lembro que era uma mineira, e o Vieirinha (Antônio Vieira), brincando colocou o apelido carinhoso de “galinha pedrês” porque ela tinha uns sinais no rosto. E perguntamos:

– Tem cajarosca?

– Tem, e se não tiver deliciosa, vocês não precisam pagar.

Respondeu na tampa a mineirinha. Pedimos a primeira rodada e não é que o “liquido precioso” estava gostoso mesmo. E depois veio a segunda e a terceira. Eu sempre fui de beber pouco, mas fiquei empolgado.

Lembro, também, que poucas barracas estavam ocupadas, e numa delas se encontravam três pessoas. Um casal carioca e uma senhora que morava aqui em Salvador no Rio Vermelho, e trabalhava na Petrobrás.

De repente, o cara começou a dar esporro na mulher que bebeu e começou a falar um montão de bobagem. O nome dela era Teresa e colocamos logo o apelido de Teresão. Uma morena alta, bonita.

Mesmo assim, arriscamos e chamamos as três pessoas para sentar em nossa mesa. E todos toparam. E ficamos conversando sobre os mais variados assuntos.

E não é que a danada da “cajarosca”me pegou. De repente, vejo tudo rodar. Fiquei literalmente tonto, pra não falar a verdade bêbado. A última coisa que lembro eram os esporros que o carioca dava na Teresão, e uma pergunta que fiz para a senhora que estava com o casal.

– Você mora mesmo no Rio Vermelho, em Salvador?

Perguntei com a voz trêmula e apaguei legal. Nem conseguí a resposta. Sai da mesa onde estávamos e fui jogar o “cachorro n’água” (vomitar). Nossa… que sensação horrível.

É verdade que existiam poucas pessoas na praia, mas o meu vexame só não foi maior porque as atenções ficaram voltadas para a Teresão, porque além de ser uma morena muito bonita, a situação dela era pior do que a minha.

Cabús e Vierinha me deram a maior força. Tomei banho de mar, mesmo já anoitecendo a água não estava fria e lembro que ventava muito na praia de Pitinga. Dei a chave do carro para os dois (eu tinha dirigido na ida) e eles, cada um de um lado, me apoiaram até o veículo.

Da praia de Pitinga até o nosso hotel, antes passando pela balsa que fazia a travessia Arraial d’Ajuda / Porto Seguro, coloquei o rosto para fora do carro e fui recebendo rajadas de vento.

Chegamos no local onde estávamos hospedados, por volta das 19 horas. Já estava um pouco melhor, dormi e por volta das 21 horas acordei inteirão. Nem parecia que tinha bebido um montão de cajoroscas.

E fomos para a Passarela do Álcool, um dos principais pontos de atração turística da belíssima Porto Seguro. Mas aí (gato escaldado tem medo de água fria) só encarei água de côco.

No dia seguinte (sábado) voltamos para a mesma praia, onde eu tinha apagado literalmente no dia anterior. A primeira coisa que fizemos foi procurar saber da “galinha pedrês”, a garçonete, por onde estavam as três pessoas que ficaram conversando com a gente no dia anterior.

– Saíram logo depois de vocês, o marido enchendo ela de gritos, e hoje não apareceram.

Continuei na base de água de côco, comendo deliciosos petiscos, pois no dia seguinte tinha uma longa jornada. Viagem para Eunápolis (distância curta, é verdade), mais jogo de futebol para transmitir para a Rádio Excelsior.

O dia em que a carioca Teresão evitou que a minha derrota, na fantástica praia de Pitinga, em Porto Seguro, por ter exagerado nas cajoroscas, foi mais uma das histórias que aconteceram comigo nesta fantástico mundo da bola.

Marão Freitas

 

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