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O dia em que o advogado Franca Rocha me livrou das garras de um mal-educado num hotel em São Paulo

Inicio da década de 70, eu era menino, menino, menino..fiz a minha primeira viagem para o Sul do País. Fui trabalhar em jogos de futebol, nessa oportunidade, com o meu querido amigo narrador, Nilton Nogueira. Nós fomos para Curitiba, onde o Coritiba meteu 3 a 0 no Vitória, e na volta o Bahia perdeu, em São Paulo, para o Santos pelo placar de 2 x 1. O Santos que jogava na Vila Belmiro jogou naquela noite no Pacaembú.

Na noite fria de Curitiba foi um banho de bola, Idalgo, que hoje é comentarista, meu amigo Idalgo deu banho, Kriger…Eu lembro do time do Coritiba. O Vitória tinha Osni, tinha Mário Sérgio, tinha André…O fato é que o Vitória levou uma porrada de 3 a 0, do time do Coritiba. O outro jogo foi em São Paulo, voltamos para a cidade de São Paulo, e o Bahia tomou 2 a 1 do Santos. Lembro que o Santos fez 2 a 0, e Douglas diminuiu no final. O jogo foi no Pacaembú. Não foi na Baixada não, foi no Pacaembú.

Para evitar maiores gastos, naquela oportunidade, a Rádio Excelsior, cuja equipe era comandada pelo saudoso Fernando José, que depois virou até prefeito de Salvador, escalou a mim e a Nogueira pra fazer os jogos numa viagem só. Na época, eu lembro que trabalhava no extinto Jornal da Bahia, onde trabalhei durante vinte e seis anos: fui editor, fui repórter, fui também editor da edição da segunda-feira. E o Jornal da Bahia tinha uma permuta publicitária com o Hotel Normandie. Mas, era uma direção antiga, não era essa agora do amigo Vicente não. Era outra de uns caras lá…malas, mal-educados.

Ai o Fernando José que era o chefe da rádio me chamou e disse assim:

– Oh, caso você consiga hospedagem, eu arrumo com a direção da rádio, com Sr. Wilson (era Sr. Wilson Menezes) a passagem pra você viajar com Nogueira pra fazer os dois jogos. Pronto!

No dia seguinte, eu procurei meu saudoso e querido amigo Enádio da Costa Moraes, que era Diretor do Fluminense de Feira e, também, Diretor do Jornal da Bahia. Ele foi um dos responsáveis pela minha ida para o Jornal da Bahia, onde tudo começou na minha carreira.
Ele me conseguiu uma carta de apresentação, pra eu levar para o Hotel Normandie.

Saímos de Salvador para Curitiba, onde o Vitória levou uma sapatada do Coritiba por 3 a 0, e de lá fomos pra São Paulo.
Lembro que Manoel Francisco Nascimento, o conhecido Manu, grande e populazinho Manu, Manuzinho da Cocada, era o supervisor do Bahia. E quando a gente chegou em São Paulo, a delegação do Bahia já tinha chegado. Chegamos no hotel, eu e Nogueira. Nogueira fez a ficha dele, e quando eu apresentei a carta, um cidadão muito mal-educado, respondeu:

– O hotel está lotado! Não tem vaga!

Eu parei e pensei e disse: e ai Nogueira, o que é que vou fazer rapaz? Já não tenho mais grana pra pagar (eram quatro diárias, ou três diárias, não lembro bem).

Nisso Manu, que estava por perto, ouviu a conversa e disse:

– “Maro Freitas (ele me chamava Maro Freitas), eles disseram que o hotel não te vaga, né? Nogueira não está sozinho? Então você não fala nada, e fica no mesmo apartamento que Nogueira”.

Pronto! Dito e feito.

Fiquei a primeira noite. Sairíamos dois dias depois.
Ai, eu conversei com Nogueira:

– Nogueira, o cara disse que não tinha vaga. Eu achei essa vaga aqui. Não estou fazendo nada irregular. Mas, eu acho que a gente devia mostrar essa carta na recepção.

No dia seguinte, eu cheguei e entreguei a carta pra recepção.
O mesmo cidadão (lembro que ele não era brasileiro), vermelhão, estúpido, grosseiro, mal-educado, cavalo, e descontrolado o cara falou, rapaz:

– “você não pode ficar aqui no hotel. Eu lhe disse que não tinha vaga”.

– Eu disse: o senhor falou que não tinha vaga, mas eu consegui a vaga no apartamento do meu amigo.
– “Sim, mas o senhor está sendo um impostor”.

Rapaz…quando ele disse isso…meu amigo…rapaz, um advogado chamado Dr. Franca Rocha. Gostaria até de rever Dr. Franca Rocha. Nunca mais eu vi Dr. Franca Rocha. Não era Aloísio. Acho que era o irmão de Aloísio, Dr. Franca Rocha.
Quando ele disse isso, ele partiu pra o cara:

– “se respeite, senhor. O senhor não pode chamar o garoto de impostor. O senhor tem mais cara de impostor do que ele. A estória que ele está contando…onde é que está errado? Como é que a carta não vale? A carta timbrada, no Jornada da Bahia, como é que não vale? Se respeite, baixe sua bola.”

Rapaz, o deixa disso, chegou a confusão, quase que o Franca pega o cara pra dar porrada, e eu nozinho rapaz, todo nervoso…aí chegou Manu, chegou Paulo Maracajá (eu lembro bem), chegaram outros diretores do Bahia, tinham alguns jogadores por lá, também. Ai chega daqui, chega dali pra acomodar a situação. Ai, eu liguei pra o Hotel da Bahia, o Jornal da Bahia, não era fácil naquela época, e ai o Jornal da Bahia, mandou que eu procurasse, tinha uma empresa que representava o jornal lá em São Paulo. Eu fui lá no dia seguinte, peguei essa carta e eles me deram outra carta dizendo que iam se responsabilizar pelo pagamento das minhas diárias no hotel, onde aquele cavalo, mal-educado, estúpido que criou um tumulto comigo. E eu nunca esqueço da atitude do Franca Rocha, um advogado, meu amigo. Franca Rocha como eu gostaria de lhe ver. Acho que é irmão de Aloísio.

Depois chegou a turma do deixa disso. Acabei ficando no hotel. Levei a carta, depois fui lá perto do Viaduto do Chá, onde tinha um escritório dessa empresa, entreguei a carta lá no hotel, fiquei tranquilamente, e sai sem ter cometido nenhuma irregularidade. E o grandão tomou um chega pra lá do meu amigo, o brilhante advogado, Dr. Franca Rocha, que tem um tempo que eu não o vejo, e por pouco ele não recebia era uma bolacha, um tapa no meio da cara que, na realidade, eu que sou muito calmo, mas era o que ele merecia. Eu era um garoto novo, não podia ser chamado de impostor, pois eu não estava fazendo nada de irregularidade.

Essa foi mais uma das estórias que aconteceram comigo no fantástico mundo da bola.

Marão Freitas.

Foto: Divulgação

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