Search
Close this search box.

O dia em que o compadre Agripino Franco botou “pilha” para o Pavão correr na estrada

No dia 19 de fevereiro de 1989, o Bahia empatou com o Internacional (0 a 0) em Porto Alegre e se sagrou campeão brasileiro de futebol. Fiz a transmissão, para a Rádio Cultura (AM 1140) com os meus parceiros e amigos, Martinho Lélis de Santana, comentarista, e Renato Lavigne, repórter.

Mesmo sendo torcedor do Vitória, o meu compadre Agripino Franco (o AGP) decidiu ir com a gente, pois afinal era o Bahia representando o nosso estado numa final de Campeonato Brasileiro. Consegui uma credencial e o Agripino assistiu ao jogo da nossa cabine lá no estádio Gigante da Beira-Rio.

Como o Bahia voltaria a enfrentar o Internacional na terça-feira, dois dias depois da conquista do título, a nossa equipe tinha de ficar em Porto Alegre, para evitar despesas de deslocamento.

Na manhã da segunda-feira (20/02) daquele ano de 1989, decidimos, eu, Renato Lavigne, Agripino Franco e o operador Florisvaldo Nascimento Melo (este tinha ido trabalhar para a Rádio Sociedade), ir conhecer as cidades de Gramado e Canela, que ficam a 104 quilômetros distantes da capital.

Já conhecíamos um motorista de táxi, chamado Pavão, e decidimos que não iriamos de ônibus. Fechamos um pacote com o taxista e saímos cedo para conhecer as duas cidades.

Lembro que fui na frente do carro e o Agripino no banco traseiro junto com Lavigne e Florisvaldo. Eu confesso que tenho medo de viajar em estradas com quem não conheço.

E o AGP sabendo disso, colocou pilha no Pavão.

-Vamos lá Pavão, pisa fundo. Você é bom motorista e conhece a estrada.

E o meu compadre olhava para mim e dava risada. Não lembro naquela época qual o limite de velocidade era permitido na estrada, só sei que o Pavão estava empolgado e pisava fundo no acelerador.

Mas graças a Deus chegamos bem, conhecemos Gramado, Canela e fomos almoçar numa churrascaria, já por volta das 14 horas. Eu chamei o AGP e falei:

– Compadre, não vamos deixar o Pavão beber. Essa estrada é muito perigosa e ele mesmo já conhecendo precisa ter muita atenção.

– Deixe comigo, compadre. Ele não vai beber nada.

Servido aquele suculento churrasco, Lavigne e Florisvaldo não falavam nada. De repente, vejam o que o gozador Agripino fez. Chamou o garçom do restaurante e falou:

– Pegue a cerveja mais gelada que tiver na casa e sirva para o meu amigo motorista, Pavão. Ele gosta de uma bem geladinha e dirige melhor bebendo.

E o que é que a gente tinha que fazer? Nada. E Pavão bebeu mesmo, porque naquela época ainda não existia a chamada Lei Seca. E nós nos limitamos a rir, comer e ver o nosso motorista tomando a “geladinha”, na dele.

Terminamos o almoço, continuamos dando voltas pelas duas cidades (Gramado e Canela) vimos os principais pontos de atração turística e só pegamos a estrada de volta no final da tarde.

E aí o Agripino falou:

– Agora você continua na frente do carro.

– Não, você veio atrás e, agora, vai voltar na frente.

– Não tem problema. Confio no meu amigo Pavão.

E voltamos, já escurecendo. E o AGP não parava de fazer gozações.

– Vamos lá, Pavão, acelera que tenho um compromisso em Porto Alegre.

Nada, ele queira era fazer gozação, pois sabia que eu tinha medo de viajar em estradas, principalmente quando eu não conhecia o motorista. Lavigne e Florisvaldo só faziam sorrir.

– Vamos lá, Pavão, corta tudo quanto é carro que você ver aí pela frente. Falava o meu compadre.

Mas claro que o Pavão era um bom motorista, correu um pouco, é verdade, mas chegamos de volta a Porto Alegre sãos e salvos, depois de passar um agradável dia nas duas lindas cidades gaúchas e em excelentes companhias.

Mas confesso que mesmo acreditando na capacidade do motorista, levei alguns sustos. Mas o importante é que estávamos prontos para uma jornada no dia seguinte, onde o Bahia voltou a enfrentar o Internacional, desta vez já pela Taça Libertadores da América.

O dia em que o meu compadre, Agripino Menezes Franco, botou “pilha” para um motorista andar em alta velocidade numa estrada gaúcha, e me causar sustos, foi mais uma das histórias que aconteceram comigo neste fantástico mundo da bola.

Marão Freitas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *