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O dia em que o grande Mário Gordilho foi “bombeiro” para evitar um mal entendido

Antigamente poucos carros saiam das fábricas com os bancos revestidos de couro. Na atualidade, creio que todos os veículos novos sejam dotados desta importante ferramenta. Vidro elétrico, direção hidráulica, carros automáticos fazem parte do cotidiano das fábricas de veículos brasileiros.

No início da década de 2000 troquei de carro, pegando um Astra da Chevrolet. E naquela oportunidade, o banco de couro já era fundamental. E o carro que comprei não tinha.

Já estava apresentando o Programa Show de Bola do Meio-Dia, na Rádio Excelsior AM-840, com uma fantástica audiência. Tinha uma equipe com profissionais do nível de Fernando Cabús, Ivanildo Fontes, Dito Lopes, Renato Lavigne, Luís Brito, Martinho Lélis, Sérgio Tonielo, Ivo Ferraz, França Almeida e outros.

E muitas empresas faziam questão de anunciar no programa. Foi aí que tive a ideia de propor ao Miguel Gidi, diretor da Couro & Cia, uma permuta. Eu divulgava a empresa dele, que era líder no mercado de banco de couro para automóveis, e eu veiculava a propaganda dele no meu programa esportivo.

Tudo definido. Prometi um determinado número de veiculações do jingle da empresa dele, por um certo período, e ele colocava couro nos bancos do meu carro. E a parceria foi perfeita.

Fizemos uma boa amizade, falávamos sobre futebol, no seu escritório que tinha mudado da Pituba para Lauro de Freitas, e sempre dialogávamos sobre os assuntos importantes no momento no Brasil.

Pouco tempo depois, um amigo comprou um carro e perguntou se eu sabia onde que poderia colocar bancos de couro. Na hora eu respondi.

– Na Couro & Cia do Miguel Gidi.

– Mas é muito caro, estou sem grana, pois o dinheiro que tinha investi para trocar o meu antigo carro por este novo.

Tive, então, uma ideia para ajudar o meu parceiro. Sempre adotei uma teoria: não gosto de dizer não antes de esgotar as possibilidades para dizer um sim. E fiz uma proposta ao Miguel Gidi, para colocar bancos de couro neste outro carro. No mesmo esquema de permuta.

Tudo certo. Outra vez, o serviço foi feito com muita eficiência, e eu divulgava os jingles da Couro & Cia, no Show de Bola do Meio-Dia. Num determinado dia, lembro que eu estava dirigindo na Avenida Paulo VI e Miguel Gidi me ligou, nervoso.

– Oh Mário Freitas, não sou menino para você me enrolar viu?

– O que houve, Miguel? Perguntei.

– Você me prometeu uma coisa e não está cumprindo . O meu comercial não está saindo no programa.

– Isso não existe, Miguel. Temos um mapa e todos os comerciais saem, de acordo com o que está programado.

– Mas o da Couro & Cia não está saindo. Eu ouvi o programa inteiro.

– Miguel, calma!

– Não vou ter calma, não. Você faltou com respeito comigo. E vou desligar.

Bom, eu tinha certeza de que os comerciais realmente tinham saído. Liguei para o operador, meu amigão Zezito Nery, chequei com ele, com a secretária Iraildes e tudo saiu normal.

Mas como o Gidi estava revoltado (e sem razão), pois cumpri tudo o que tinha acertado, eu tive uma ideia. O meu grande amigo, Dr. Mário Gordilho, homem sério, de grande conceito e credibilidade na Bahia e no Brasil, já foi diretor de vários órgãos, entre eles a Arecip (Associação Regional das Cadernetas de Poupança), Abecip (que é a Associação Nacional), Banco Econômico, Conder, entre outros, tinha uma fazenda vizinha ao do Gidi e também tinha um bom relacionamento com ele.

Pensei, vou ligar para o Dr. Mário Gordilho e pedir que ele fale um pouco de mim sobre o Gidi. O meu “xará” é um dos amigos que tenho nesta terra e sempre admirou a minha conduta nos meios de comunicação por onde passei.

Liguei, e o Dr. Mário não estava em casa. Pedi, por favor, para alguém passar uma mensagem que eu queria falar com ele. Menos de 10 minutos depois, recebo uma ligação do meu grande amigo.

– Em que posso lhe ser útil meu grande radialista? Falou o Dr. Mário.

– Amigão, quero um favor seu. Dê uma ligada para o Miguel Gidi e diga a ele quem sou eu, porque ele não me conhece como o senhor.

E relatei o fato para ele.

Em menos de 20 minutos, recebo uma ligação do Miguel Gidi.

– Mário Freitas, estou ligando para lhe pedir desculpas pela minha exaltação. O que o Mário Gordilho falou de você comigo, aqui agora no telefone, eu nunca tinha ouvido ninguém falar nada igual sobre uma outra pessoa. Você é um homem de bem, um  homem de palavra. Então, esqueça tudo que lhe falei anteriormente.

– Fique tranquilo Gidi. Pedi ao meu “xará” porque ele me conhece bem mais do que você, além de ser um homem de muita credibilidade nesta terra.

Esclarecimentos feitos, continuei mantendo um bom relacionamento com o Gidi. E sempre lembro este fato ao meu grande AMIGO, Mário Gordilho, para mim um dos homens que mais entendem de economia no Brasil.

O dia em que um mal entendido quase causa um mal estar entre este humilde escriba e o empresário Miguel Gidi, esclarecido pelo Dr. Mário Gordilho, foi mais uma das histórias que aconteceram comigo neste fantástico mundo da comunicação.

Marão Freitas

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