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O dia em que um relógio adiantado me fez discutir com um recepcionista de um hotel em Miami

Antigamente viajar para o exterior era bem mais fácil. Principalmente para os Estados Unidos, em função da valorização da nossa moeda. O dólar, hoje, atinge quase a marca dos seis reais e fica difícil, pois além das passagens caras, existem ainda as diárias de hospedagem e de alimentação.

Na Copa do Mundo de 1986, quando viajei para cobrir a competição, no México, a nossa moeda chegou a valer mais que o dólar. Lembro que o dólar americano chegou ao valor de 0.80 do real. Bons tempos que não voltam mais.

Na década de 90, aproveitei umas férias e fui para os Estados Unidos com o meu primo Raimundo Souza (o Raimundinho, Cuíca de Bom Jardim). Decidimos ir para Miami e Orlando.

Aliás uma visita aos parques da Disney World continua sendo um imperdível programa. Era um dos meus sonhos de infância e que pude realizar em 1976 na minha primeira viagem para fora do Brasil, justamente, para os Estados Unidos.

Naquela oportunidade, em 1986, fui cobrir o Torneio Bi-Centenário dos Estados Unidos, e em Los Angeles conheci a Disneylândia. Aliás o parque original, uma vez que os de Miami e Orlando foram baseados no original de LA.

Nessa viagem da década de 90, decidimos alugar um carro, porque a locomoção entre as cidades de Miami e Orlando ficava mais fácil e também a ida para os parques.

Saiu tudo perfeito. Pegamos o carro logo na chegada no aeroporto. Nesta época, o meu Inglês não era perfeito, mas já não dizia que “queria comer água e beber carne”.

Hotéis reservados, endereços de amigos anotados e a nossa viagem foi perfeita. Correu tudo sem problemas. Aliás naquela época do dólar com valor baixo, era vantajoso comprar produtos eletrônicos, tênis, calças jeans, enfim diversos produtos.

Lembro que na viagem de Miami para Orlando fomos parados numa blitz. Todos ficamos tranquilos, pois estávamos com a documentação toda em dia e as nossas carteiras de motorista também dentro da validade.

Good morning. Falou um dos guardas.

Depois de nos desejar um bom dia, ele pediu a nossa documentação e também os documentos do veículo, que foi locado aqui em Salvador, para pegarmos no aeroporto de Miami.

O policial americano, olhou e perguntou:

Where are you going to?

Traduzindo para o Português: para onde vocês estão indo? Falei que estávamos indo para Orlando e ficaríamos lá por três dias e depois voltaríamos para ficar mais três em Miami e depois voltaríamos ao Brasil.

Depois de checar toda a documentação, o policial, muito educado por sinal, nos liberou e seguimos a nossa viagem com muita tranquilidade até Orlando. E a estrada, nem se fala. Show de bola. Buracos na pista, nem pensar. Toda sinalizada. Tudo na mais perfeita ordem.

Depois de passarmos os dias já programados em Orlando, voltamos para Miami, onde pegaríamos o nosso voo de volta para Salvador. Fomos às tradicionais compras. O vídeo cassete (hoje em extinção) estava em alta e era baratinho.

Além das nossas compras, existiam os chamados “pedidos” dos amigos. E tinham algumas solicitações que não poderiam deixar de ser atendidas.

E depois das chamadas compras de última hora voltamos para o hotel, já à noite.  A meta agora era arrumar as malas e, antes de subir para o apartamento, pedi ao recepcionista do hotel pra nos acordar às 5 horas da manhã, porque o nosso voo de volta era às 9 horas e queríamos chegar cedo no aeroporto.

Fomos dormir. Acordo com o telefone tocando.

– Marão,  já são 5 e meia. E não ligaram para aqui.

Era o primo Raimundinho me ligando.

– Caramba. Não ligaram para aqui também, mas temos tempo de sobra. Vamos descer e nos encontramos lá embaixo em 20 minutos, respondi.

Tudo bem. Descemos, pegamos as malas, pagamos as nossas contas e pedi ao funcionário do hotel (isso por volta dos 5 minutos para às 6 horas, no relógio do Raimundinho) para ele abrir o portão da garagem.

I can’t open now. Just 6 o’clock. Eu não posso abrir agora, só às 6 horas.

O cara falou que só podia abrir às 6 horas e eu contestei.

Excuse, mister. I don’t understand.  It’s 5 to 6. Desculpe senhor, já são cinco para às seis.

E ele, educadamente, disse para eu verificar o meu relógio. E não é que o cara estava certo. A hora certa era 5 minutos para ás 5 horas. Quer dizer, o meu primo me acordou com o relógio adiantado em uma hora.

Pedimos desculpas, voltamos para o nosso apartamento, descansamos mais um pouco e na hora certa, por volta das seis horas, descemos, o cidadão abriu a garagem, pegamos o carro e saímos para o aeroporto.

O dia em que um relógio adiantado em uma hora, me fez discutir com um recepcionista de um hotel em Miami, foi mais uma das histórias que aconteceram comigo neste fantástico mundo das viagens.

Marão Freitas

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