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O início da vitoriosa Equipe Alto Astral no rádio baiano

Em 1987 eu estava trabalhando na equipe esportiva da Rádio Clube (AM 1290), levado pelo saudoso amigo Juarez de Oliveira em 1982.
Num determinado dia, recebi uma ligação do consagrado José Ataíde:

– Irmãozinho (como ele chama carinhosamente os amigos) estou precisando conversar com você. Que dia você pode dar um pulinho aqui na Rádio Cultura?

– No dia que você quiser, amigão.

E no dia seguinte, fui conversar com o grande Ataíde. Ele me perguntou como eu estava na Rádio Clube. Disse que estava bem, tanto com a direção da emissora, e também com o chefe da equipe esportiva, que era o meu amigo Martinho Lélis de Santana.

– Você topa vir para a Rádio Cultura? Perguntou o Zé Ataíde.

– Não quero sair da Rádio Clube, mas aceito ouvir uma proposta. Respondi.

E não é que o meu mestre José Ataíde me fez uma proposta, daquelas chamadas irrecusáveis. Parei, pensei e disse a ele que iria analisar, mas que tinha gostado muito do que ele me ofereceu para trocar de rádio.

Nunca agi no calor da emoção. Mas quando dava a minha palavra não voltava atrás, mesmo que os meus antigos patrões dobrassem, ou até mesmo triplicassem a oferta.

E tomei a decisão de aceitar a proposta do Ataíde de me transferir para a Rádio Cultura (AM 1140). Inicialmente, comuniquei a Martinho Lélis. Este não queria que eu saísse, mas disse a ele que era uma proposta fantástica.

Depois falei com os diretores da Rádio Clube, o atual Deputado Federal, Paulo Magalhães, o fazendeiro Beto Gordiano e o empresário Dudu Cedraz. Ninguém queira que eu saísse, mas já tinha dado a minha palavra. Sai amigo de todos e continuo tendo muito respeito pelos três, embora não tenha notícias do Dudu. Com Paulo falo sempre. Soube que Gordiano mora numa fazendo em Coité.

E fui para a Rádio Cultura. Incialmente, fazia o programa “Bom Dia Bola”, revezando com o Zé Ataíde, que também era o superintendente da emissora e narrava jogos de futebol na equipe esportiva.

Num determinado dia, já em 1988, Ataíde decidiu arrendar a equipe esportiva para os já falecidos Gerson Macedo e Magarão. Este chegou a ser um dos diretores da sucursal da extinta revista Manchete, aqui em Salvador.

E, estranhamente, os dois não me convidaram para participar da equipe. Eles argumentaram que eu vendia muita publicidade, mas só iria comercializar para o programa “Bom Dia Bola” e não ia colocar nada na resenha do meio-dia e nas jornadas esportivas.

Confesso que não entendi a posição dos dois, fiquei chateado. Conversei com o Ataíde sobre o assunto, mas a vida seguiu. Como nesta época eu já conhecia o mercado publicitário, falei para amigos próximos de que não dava três meses para a equipe acabar, porque eles dois não iriam ter condições de cumprir o que tinham acertado financeiramente com o Ataíde.

Mas a vida seguiu. Com um mês e meio da equipe fazendo os jogos, Osvaldo Júnior, o nosso saudoso e querido “Cebola”, me chamou um dia lá na rádio e me falou:

– Rapaz, eu não entendo porque você não faz parte da equipe esportiva. O que houve?

– Nada, Cebola. Pergunte a Gerson, meu amigo, e a Magarão. Este não é meu amigo, apenas conhecido.

– Vou resolver esse problema. Você topa narrar jogos?

– Claro. É tudo que quero e preciso, neste momento.

Pronto. Osvaldo Júnior conversou com os dois e eu passei a fazer parte da equipe, mas sabia que não tinha futuro. A minha estreia foi num jogo do Cruzeiro, contra um clube da capital, na cidade de Cruz das Almas.

Lembro que fui passar um São João em Santo Amaro, na casa do meu saudoso compadre e AMIGO, Amauri dos Santos Alves (o Mamau) e quando liguei o rádio para ouvir o jogo, estava sendo veiculado um musical.

No dia seguinte, chequei em Salvador e soube da notícia, que para mim não foi surpresa. Eles decidiram entregar o futebol a Zé Ataíde. E este, imediatamente, me chamou e disse:

– Assuma o futebol da rádio. Você tem potencial. Tome coragem, rapaz. Vou lhe ajudar no que for preciso.

Pedi um tempo ao Zé, para pensar. Conservei com amigos, alguns parceiros comerciais e decidi topar a parada. E assim começou a minha vida como arrendatário de horários esportivos.

Lembro da minha primeira equipe. Narradores: eu, Oldemar Seixas, (atualmente faz o programa Bahia campeão dos campeões na Rádio Cruzeiro AM 1290, aos domingos), e Aloisio Santana. Este já morreu e veio do rádio de Alagoinhas. Comentaristas: Roberto Pessoa,  que foi Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho, foi Corregedor e chegou ao cargo de Ministro Superior do Trabalho, hoje aposentado,  o próprio Zé Ataíde e Sérgio Tonielo, que no momento se encontra em Caxias do Sul, sua terra natal, devido á pandemia do Covid-19

Repórteres: Renato Lavigne, atualmente fazendo o programa Grito Rubro Negro, na Rádio Excelsior, aos domingos das 14 às 15 horas. Estou até lá, participando com ele.

Ray Eloi que veio de Cruz das Almas para a Rádio Excelsior. E como plantonista, tínhamos o César de Souza, também de Alagoinhas e todas às vezes que se encontra comigo, me agradece a oportunidade que lhe dei.

Já falei que sou eternamente grato a Zé Ataíde pela oportunidade que ele me deu. Pouco depois, ele saiu da Rádio Cultura. E em 1992 eu me transferi para a Rádio Excelsior da Bahia (AM 840).

Na emissora Católica da Família Baiana, aproveitei alguns profissionais que já estavam na casa, como Ivanildo Fontes, Antônio Vieira e Pedro César e levei os outros companheiros que já trabalhavam comigo na Cultura.

Por sugestão de Fernando Cabús, grande parceiro e amigo, a nossa equipe passou a se chamar Alto Astral. Foram 27 anos, modéstia à parte de sucesso, e de uma tranquilidade absoluta no relacionamento com os meus grandes amigos, Padre Aderbal Galvão de Souza, e Dr. José Trindade Costa Lage.

Por pequenas divergências, não renovei o meu contrato, mas a Rádio Excelsior continua sendo a minha eterna casa no rádio baiano. Entrei com as portas abertas e sai deixando portas e janelas abertas.

Marão Freitas

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