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Uma entrevista e os elogios do saudoso Flávio Cavalcanti

Já falei em outras oportunidades que 1974 foi marcante para mim em nível de entrevistas, pois foi o ano em que a Rádio Sociedade (AM 840 ) completou 50 anos, e tive a oportunidade de entrevistar várias celebridades para a resenha do meio-dia, que era comandada por França Teixeira, e tinha o Marco Aurélio na coordenação.

Na minha passagem pelo Rio de Janeiro, fiz diversas entrevistas, e uma delas foi com o falecido apresentador de televisão Flávio Cavalcanti, que durante algum tempo apresentou programas na TV Itapoan, aqui em Salvador, ao vivo.

Foto: Reprodução

Durante a sua passagem por Salvador, Flávio Cavalcanti apresentou um programa que fez muito sucesso e revelou jovens valores para a música baiana. Foi o “Escada para o Sucesso”.

Quando viajei para o Rio, o Flávio já não estava mais fazendo programas aqui em Salvador. Ele atuava na extinta TV Tupi, cuja sede ficava na Urca, próximo ao Pão de Açúcar.

Já viajei com o contato da secretária do apresentador e chegando no Hotel Plaza, liguei para ela. Esta me disse que a entrevista não podia ser no mesmo dia, nem no dia seguinte, porque ele estava com uma agenda cheia e tinha de fazer algumas gravações, além de apresentar programas ao vivo.

E combinamos para dois dias depois. Lembro que, no dia combinado, peguei um táxi, em Copacabana, e quando estava me dirigindo para a Urca (a distância não é muito longa) tivemos que parar próximo ao antigo Canecão. Canecão era uma casa de espetáculos no Rio, que ficava perto do bairro de Botafogo, já nas proximidades, também da Urca. Caiu um temporal na cidade, um verdadeiro dilúvio.

Quando cheguei por lá, fui informado de que nem o Flávio Cavalcanti conseguiu chegar para fazer uma gravação, também, em função das ruas alagadas por toda a cidade.

Voltei para o hotel e consegui agendar a entrevista para o dia seguinte. Lembro que era uma sexta-feira, pois dois dias depois eu já tinha passagem marcada para São Paulo, onde continuaria fazendo as minhas entrevistas.

Cheguei na sede a TV Tupi, fui bem recebido e me levaram para uma sala de espera. Algum tempo depois, me mandaram  entrar para a sala do Flavio Cavalcanti, que estava acompanhado do seu filho Flavinho.

– Olá rapaz. Então, você veio me entrevistar?

– É verdade seo Flávio. O senhor foi um dos nomes escolhidos pelos ouvintes da Rádio Sociedade que está fazendo 50 anos. Respondi

– Salvador marcou a minha vida profissional. Durante muitos anos apresentei o “Escada para o Sucesso”. Um programa que tinha muita audiência.

– É verdade! O seu nome é muito conhecido em Salvador e nas cidades, no interior, onde a TV Itapoan penetra.

E depois desse diálogo comecei a entrevista. E modéstia, à parte, nunca levei nada por escrito para conversar com os meus entrevistados. Procurava saber a história da pessoa com a qual eu iria conversar e as perguntas iam fluindo durante o bate papo.

Em nenhum momento, o Flávio me deu pressa. Fiquei muito à vontade, e o filho dele (o Flavinho) sentado num sofá observava a nossa conversa.

Terminada a entrevista ele virou-se para o filho e disse:

– Flavinho, você viu como este rapaz é um excelente entrevistador?

– Estava aqui observando meu pai.

– Ele tem uma habilidade incrível. Mal a gente está terminado de responder uma pergunta, ele já tem outra engatilhada. Parabéns, vá em frente. Você vai ter muito sucesso na profissão.

– Oh, seo Flávio, muito obrigado!

– Não precisa agradecer, nem me chamar de senhor. Dê um abraço no povo daquela terra. Gosto muito de Salvador e de todos os baianos. Fui muito feliz na minha passagem pela TV Itapoan.

Agradeci e confesso que saí de lá envaidecido. Afinal, ser elogiado por um dos maiores apresentadores da televisão brasileira e também pelo seu filho, que depois se tornou diretor da Manchete em Brasília, era para ficar orgulhoso, mesmo.

O dia que em que entrevistei Flávio Cavalcanti (e fui elogiado) no Rio de Janeiro foi mais um dos fatos marcantes nesta minha longa carreira como radialista.

Marão Freitas

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