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Uma noite confinado num hotel de Paris. E por pouco não realizava um dos meus sonhos

Em 1981, a Seleção Brasileira dirigida por Telê Santana que encantava o Mundo, com seu fantástico futebol faria uma excursão de três jogos pela Europa. Pouco mais de um ano depois, viria perder para a Itália por 3 a 2 e seria eliminada da Copa do Mundo da Espanha, na chamada Tragédia do Sarriá. Eu trabalhava na Rádio Excelsior, na equipe comandada por Nilton Nogueira e Marco Aurélio.Os jogos seriam em Paris, Londres e Sttutgart, na Alemanha. Conhecer Paris era um sonho que tinha desde criança.Chamei Marco Aurélio e sugerí.

– Marcão. Vamos cobrir estes jogos da Seleção na Europa ?

– Como, rapaz. É muito caro.

– Vamos cair em campo e vender.

Naquela época, a Seleção Brasileira despertava maior atenção dos torcedores baianos e a televisão não dava a cobertura que dá atualmente a estes amistosos internacionais. E lá fomos eu e o grande Marco Aurélio, hoje empresário e fora do rádio por opção própria, uma vez que convites não lhe faltam. Pastinha nas mãos e caimos em campo, em busca de patrocinadores. 

Despesas cobertas, linhas pedidas e vamos nós para a nossa primeira viagem à Europa. Estavam presentes, também, pela cronica esportiva da Bahia, o saudoso Fernando José, que mais tarde se tornou prefeito de Salvador, Cristóvão Rodrigues, Jorge Samartin e Itajaí Pedra Branca. Os três primeiros pela Rádio Sociedade  – AM 740 – e Pedra Branca, pela Rádio Sociedade de Feira de Santana.

Estava realizando, repito, um dos sonhos de criança. Conhecer a fantástica Paris. Saí de Salvador, bem, sem problemas. Quando o avião pousou no aeroporto Charles de Gaulle e chegamos no local de retirar as malas fiquei completamente rouco. Perdí a voz. Nossa, pensei comigo, logo agora que fico rouco? E como vou sair à noite para conhecer Pigale? E a Torre Eifel ?

E fomos para o hotel. Lembro bem. Era o Hotel de Ville, nas proximidades do Museu do Louvre. Nos acomodamos no hotel e Marco Aurélio me chamou.

– Olha aqui, Mário. A turma vai sair à noite . Você não vai. Não estamos aqui para passear. Viemos trabalhar. Você tem de repousar, para melhorar e fazer o jogo comigo.

– Mas Marco, não tem problema. Vou proteger a garganta da temperatura fria.

– Veja bem. Caso você vá e amanhã (dia do jogo) esteja mal, vai se lenhar comigo. Estou lhe avisando. Agora, estou lhe garantindo: se você ficar no hotel, prometo que depois do jogo, à noite, vamos em Pigalle, em qualquer lugar que você queira ir.

Diz um velho ditado: manda quem pode, obedece quem tem juízo. Fiquei "de molho" no hotel e fiquei vendo todos sairem para curtir a noite em Paris.

No dia seguinte, não estava com a garganta cem por cento, mas consegui trabalhar, na vitória brasileira sobre a Seleção Francesa e à noite, Marco Aurélio cumpriu o prometido. Saiu de novo comigo e eu fui conhecer a noite parisiense. Depois, tive outras oportunidades, que a minha profissão me deu, e fui várias vezes à chamada Cidade Luz. Em 1998, cobri a Copa do Mundo e fiquei em Paris por 42 dias.

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