Nunca tive pretensão de ser "santo" nem sou falso moralista. Mas tenho os meus princípios de ética e moral que norteam a minha vida. Dentro das minhas possibilidades, condeno e combato a prostituíção infantil e o racismo. Lá nos anos 2000, fui a Recife fazer um jogo do Vitória pelo Campeonato Brasileiro da série A. Estava dando uma volta pela Avenida Boa Viagem, quando, de repente aparece uma menina bem jovem.
– E aí, tio, topa fazer um programinha ?
Confesso que fiquei surpreso, mas decidi apurar.
– Mas menina, você é muito novinha.
– É, mas preciso ganhar dinheiro para ajudar minha mãe a dar comida a um irmãozinho pequeno.
– E se eu topar, como fazemos ?
– Você não está hospedado alí ? E apontou para o hotel onde eu estava. Confesso que não lembro o nome.
– E como você conseguirá entrar comigo no hotel ?
– Já fica tudo certo com o rapaz da portaria. A gente dá um dinheiro para ele.
– Quantos anos você tem ? Perguntei e para minha supresa veio a resposta
– Tenho 15 anos e você só me paga 30 reais.
Ouví e pensei uma maneira de tentar ajudá-la.
– Vamos fazer uma coisa ? Eu lhe dou 50 reais e você vai embora para casa. Você é muito novinha, procure fazer outra coisa.
– Oi, tio, vou te falar a verdade. Se você quiser, pode me dar os 50 reais, mas não vou para casa, pois preciso ganhar mais dinheiro esta noite.
Chamei a menina, dei os 50 reais para ela e voltei para o hotel. Ela me agradeceu e continuou andando pelo passeio da Avenida Boa Viagem. Posso não ter resolvido o problema da garota, mas cumprí com o meu dever, tentando tirá-la da noite. Sei que não conseguí. Mas fui dormir com a minha consciência tranquila, pois não incentivei uma garota tão jovem a ficar se prostituindo na bela cidade de Recife.