No rádio, já fiz quase de tudo um pouco. Na final da década de 70 a Rádio Excelsior transmitia vários tipos de esportes. Uma certa noite haveria uma transmissão de uma luta de boxe no Ginásio Antônio Balbino. O saudoso Fernando José, chefe da equipe, escalou o narrador Silvio Mendes e o comentarista, também saudoso, Gerson Macedo. Ele me perguntou se eu faria as reportagens.
– Claro, Fernando. estou aqui para trabalhar.
Confesso que não entendia nada sobre luta de boxe. E até hoje não entendo. E não gosto. Mas vamos lá e fomos nós para a transmissão. Começa a luta e Silvio Mendes, atualmente, na Rádio Metropole FM, com a sua categoria matando a pau na jonada. Em determinado momento da luta, eu ví caír alguma coisa da boca de um dos lutadores e na hora fiz o registro:
– Sílvio.
– Fala, Mário Freitas.
– Rapaz, o lutador de short preto tomou um soco tão violento que a dentadura dele caiu no ringue.
Um momento de silêncio na jornada e Silvio e Gerson não se contiveram na gargalhada.
– Oh, Mário Freitas. Não foi a dentadura. Foi o protetor que os lutadores usam, justamente para proteger os dentes dos socos dos adversários.
Não dei bola, também entrei na onda da risada e a jornada seguiu. Aprendi naquela noite no extinto ginásio de esportes Antônio Balbino que todo lutador entrava no ringue com um protetor.