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As minhas entrevistas com o fantástico Pelé, o “rei” do futebol

Posso me considerar um privilegiado. Afinal sou de uma geração que viu Pelé jogar futebol, empolgando plateias por todo o mundo, com os seus incríveis dribles e fantásticos gols, Roberto Carlos cantar, Airton Senna conseguir emocionantes vitórias aos domingos na Fórmula 1, a rainha Hortência dá show em quadras de basquete. Isso sem falar em outros desportistas, que se destacaram em suas categorias.

Gostaria de destacar os meus encontros com Pelé, o “rei” do futebol. Na atualidade, para os repórteres conseguir entrevistar um jogador, não importa de qual clube seja, alguns até de baixo nível técnico, é muito difícil. Porque não dizer, impossível.

Antigamente era mais fácil. Tínhamos acesso às concentrações, claro com horários determinados, aos hotéis onde as delegações estavam concentradas. E mesmo sem as facilidades da comunicação de hoje, conseguíamos grandes entrevistas.

E o que dizer de entrevistar Pelé, o maior e insuperável jogador de todos os tempos? E tive esta felicidade, e não foi somente uma vez que consegui entrevistar o “lendário”.

Em 1969, a Seleção Brasileira fez uma excursão pelo Nordeste, se preparando para a Copa do Mundo de 1970, que no ano seguinte se sagraria tri-campeã, com uma fantástica goleada na final por 4 a 1, sobre a Itália, no jogo final.

Escalado pelo chefe da equipe de esportes da Rádio Excelsior (AM 840), o saudoso Fernando José, foi no hotel onde a Seleção estava hospedada e com muito esforço (todos queiram ouvir o “rei”) consegui gravar com Pelé.

No dia do jogo, no estádio da Fonte Nova, vocês já devem imaginar, como foi a correria pra entrevistar o “rei”. Procurei ficar numa posição estratégica e quando o time entrou em campo corri em direção ao Pelé e consegui entrevistá-lo. Alias, quem conseguiu fazer este flagrante foi o meu querido amigo fotógrafo, Carlinhos Santana.

Por sinal, tenho esta foto (veja abaixo) no meu perfil de WhatsApp , que me foi presenteada pelo Santana. Recentemente, o grande forrozeiro Zelito Miranda me perguntou onde era aquela foto que apareço ao lado de Pelé.

Em 1974, a Rádio Sociedade da Bahia completou 50 anos. E eu fazia parte da equipe de França Teixeira, que comandava a resenha do meio-dia e narrava jogos na equipe esportiva.

Marco Aurélio era o coordenador da equipe de França. Os dois decidiram me mandar passar um período de 15 dias no Rio e em São Paulo para fazer entrevistas especiais para o programa.

E uma delas era com o Pelé. Lembro que peguei uma carona com a equipe esportiva da extinta Rádio Tupi de São Paulo (capital) para a cidade de Santos. Pelé tinha um escritório na Vila Belmiro.

Por volta das 11 horas já estava por lá, me identifiquei e uma pessoa disse que eu tinha de esperar, pois Pelé estava com a agenda cheia e ainda tinha treino para fazer. Ele estava na fase final da carreira, que foi encerrada (no Brasil) num jogo do Campeonato Paulista daquele ano numa partida contra a Ponte Preta. Depois ele foi jogar no Cosmos de Nova York.

Almocei, fiz lanche, e continuei esperando por Pelé lá na Vila Belmiro. A galera que me deu carona até Santos, por volta das 17 horas, disse que tinha de voltar para São Paulo. Eu agradeci , mas continuei por lá.

– Valeu galera! Obrigado, mas vou ficar esperando por Pelé. Ele vai me dar a entrevista.

E por volta das 19 horas, chegou o momento. Pelé mandou eu entrar e me falou que tinha de ser rápido, pois a agenda dele estava cheia.

– Pelé, estou lhe esperando desde às 11 horas, por favor me dê um tempinho maior.

– Você está desde às 11 horas, baiano? tem um americano que está por aí, faz três dias tentando falar comigo e ainda não conseguiu. Mas vamos lá.

E esta foi a minha primeira longa entrevista com o “rei” do futebol. Abordamos vários assuntos e até hoje tenho a cópia desta fita guardada como uma relíquia da minha carreira.

Anos depois, eu estava no Rio de Janeiro com Márcio Matos de Oliveira, então presidente da Federação Bahiana de Futebol, e fomos convidados por Alfredo Saad, compadre de Pelé, para irmos no seu apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana.

E este encontro foi demais. Quem estava por lá? Ele mesmo, Pelé. E o “rei” estava inspirado. Durante 45 minutos conversamos sobre politica, música, futebol,  Bahia,  Brasil, o Mundo. Modéstia à parte, uma das maiores entrevistas que eu já fiz. E também tenho a cópia desta fita.

Pelé falou de uma moqueca de camarão que comeu no extinto restaurante Boteco do Tião, do volante e atual comentarista e técnico Falcão, para ele o melhor jogador do Brasil, naquela época e um fato inédito.

Pedi a Pelé para cantar. E ele cantou. Durante algum tempo, ele arriscou uma carreira de cantor, que não teve muito sucesso, é verdade. Mas em rádio só eu tenho uma gravação com Pelé cantando.

Depois, ainda entrevistei Pelé quando ele foi contratado como homem forte de propaganda do Banco Itaú, na Copa do Mundo de 1982 na Espanha, num coquetel que aconteceu no Iate Clube do Rio de Janeiro.

As entrevistas com PELÉ, o maior jogador de futebol do mundo em todos os tempos, foram momentos marcantes na minha carreira neste fantástico mundo da bola.

Marão Freitas

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