Em 1990 fui para a Itália cobrir a Copa do Mundo. Fiquei sediado na cidade de Turim. Na época, estava na Rádio Cultura e viajei com Renato Lavigne e o saudoso Juarez. Certo dia, pela manhã, estavámos de folga e eu e Lavine decidimos ir até a estação ferroviária. Na época, falava muito pouco inglês, mas consegui me comunicar com a recepcionista para saber como chegariámos lá.
– Comprem os bilhetes do bonde na banca de revistas. É muito fácil, vocês podem comprar para um dia, uma semana ou até um mês.
E lá fomos para a banca indicada pela funcionária do hotel. Quando chegamos lá, não tinha bilhetes para o bonde. O dono disse vocês vão achar na estação ferroviária. Fica a mais ou menos quatro quilometros de distância.
– E aí, Renatão, vamos encarar ?
-Vamos nessa.
De repente, alguém que estava por perto falou.
– Peguem o bonde sem o bilhete, mesmo. Raramente, aparece um fiscal para checar. Rapidinho, vocês chegam na estação e lá compram os bilhetes.
Era um brasileiro que estava de férias pela Europa, também esperando o bonde e foi para a Itália assistir a Copa do Mundo
Pensamos, se correríamos o risco e decidimos ir. Correu tudo bem. Ficamos um pouco na estação, compramos os nossos bilhetes e pegamos o bonde volta. Logo na saída, apareceu um fiscal e exigiu os bilhetes de dois passageiros. Como estávamos no fundo do bonde, ele não chegou até nós.
Depois ficamos sabendo. Caso o fiscal nos abordasse, teríamos de pagar uma "violenta" multa. E não adiantava dizer que não éramos da Italia, pois se estávamos por lá teríamos de saber as leis do país. E tem mais: não pode se pagar os bilhetes dentro do bonde.
Tivemos sorte, compramos os bilhetes, nunca nos exigiram e trouxemos de volta ao Brasil como souvenir, daquela fatídica Copa do Mundo, quando o Brasil foi eliminado logo nas oitavas de final, perdendo por 1 a 0, para a Argentina.