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O marcante Troféu Berimbau do Jornal da Bahia

Na década de 70, a revista O Placar era uma febre para quem gostava de futebol. Era uma edição semanal que trazia comentários de jogos, entrevistas marcantes e teve a sua fase áurea no jornalismo brasileiro. Aliás, por lá passaram grandes nomes da crônica como Juca Kfouri, Carlos Maranhão, entre outros.

Aqui na Bahia existia uma sucursal da revista. E o seu diretor era o meu amigo Carlos Libório, que também era professor na Faculdade de Jornalismo da UFBA e editor de esportes do extinto Jornal da Bahia.

Algum tempo depois, Libório saiu do jornal e foi exercer as suas funções na televisão, e o saudoso Geraldo Lemos (como escrevia bem… E fácil) se tornou editor de esportes.

Neste período, a direção do Jornal da Bahia decidiu lançar a edição das segundas-feiras, pois a circulação era normalmente de terça-feira aos domingos.

E eu fui indicado para ser o editor desta edição. Anos depois, eu assumi também a edição diária, com o deslocamento de Geraldo Lemos para a editoria geral.

A Revista Placar promovia um concurso, chamado Bola de Prata, para eleger os melhores jogadores do Campeonato Brasileiro. E o jogador que obtivesse a melhor média entre todos os concorrentes recebia a Bola de Ouro.

Foi aí, então, que tive a ideia de lançar o Troféu Berimbau. Inicialmente, conversei com o Carlos Libório para saber a ideia dele. E de logo ele aprovou. Entendeu que seria uma boa iniciativa para o nosso campeonato.

Conversei com os companheiros que trabalhavam comigo no Jornal na Bahia. Na época, Edson Almeida, Luís Brito, Marcelo Simões, José Carlos Mesquita, Dente de Leite, João Borges Bougê, Xyco Gidi (fazia automobilismo) e Moacir Nery. Este era o responsável pela divulgação do esporte amador.

E todos foram unânimes em aprovar a ideia. O intermediário entre a direção do Jornal da Bahia e este evento era o saudoso amigo Enádio da Costa Moraes, que também foi diretor do Fluminense de Feira de Santana.

Lembro que fomos conversar com Gerson Joalheiro e este ficou responsável pela confecção dos troféus. Seriam 11 berimbaus de prata para os melhores jogadores escolhidos ao final do Campeonato Baiano, um para o melhor juiz, um para o artilheiro, um para a revelação e um de ouro para o jogador que obtivesse a melhor média entre os vencedores.

Publicamos um editorial na página esportiva do jornal, com o regulamento e fizemos questão de afirmar que esta promoção era baseada na Bola de Prata da Revista O Placar.

Fizemos um regulamento e em cada partida, três cronistas davam notas para os jogadores. Tínhamos uma equipe à parte, que era responsável por colher as notas com os nossos correspondentes no interior e nos jogos em Salvador.

As médias eram atualizadas nas segundas-feiras e na edição das terças era divulgada a relação. Modéstia à parte, foi um sucesso o Troféu Berimbau.

Não deixava de existir a rivalidade entre torcedores de Bahia e Vitória que queriam ver os seus jogadores do seu time na relação dos primeiros colocados. Tinha gente que só comprava o jornal para ler a competição do Troféu Berimbau.

Foram várias edições do Troféu Berimbau. Juízes e jogadores se empenhavam ao máximo para receber o que, na época, era o maior prêmio para quem participava dos jogos do Campeonato Baiano.

Muitos contestavam. O que era normal numa competição desta natureza. Recebi até críticas pelo fato de torcer pelo Vitória. Alguns entendiam que a seleção dos melhores merecia ter mais jogadores do Bahia. Mas confesso que, como orientava a promoção, poucas vezes atribuí notas aos participantes.

No final do campeonato, algumas posições já estavam definidas, mas nas que existiam indefinições o suspense era grande quanto a atribuição de notas neste momento da competição.

Quem ganhou fez festa. Muitos guardam, até hoje como relíquia o Troféu Berimbau e o Berimbau de Ouro, sem dúvida a mais emocionante disputa para se conhecer os melhores jogadores da temporada no futebol baiano.

Após o final da competição, promovíamos um coquetel, na Associação Atlética da Bahia, e eram sem dúvidas festas das mais concorridas do esporte baiano em todos os tempos.

Além dos cronistas esportivos, se faziam presentes dirigentes, políticos, artistas enfim a nata da sociedade baiana para prestigiar o evento que era apresentado pelo amigo Manoel Canário. Locutor noticiarista que trabalhou durante muito tempo na Rádio Sociedade da Bahia (AM 740) e também prestou seus serviços ao radio carioca.

Dono de uma belíssima voz, Canário, que está inteirão e continua morando no bairro do Barbalho, ia chamando os vencedores e os convidados que recebiam e faziam a entrega dos prêmios.

Nem tudo que é ruim ou bom dura para sempre, e esse foi o caso do Troféu Berimbau promoção do Jornal da Bahia, que está marcada para sempre na memória dos vencedores, dos torcedores e dos seus promotores.

Marão Freitas.

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