No final da década de 70, eu trabalhava como narrador e repórter da Rádio Excelsior (AM 840) e como repórter da edição diária do Jornal da Bahia e editor de esportes da edição das segundas-feiras.
Costumava frequentar a Associação Atlética da Bahia onde jogava peladas de voleibol e ficava assistindo outros amigos participando de jogos de basquete.
Foi ai que tive uma ideia e levei ao conhecimento da chefia da equipe esportiva da Rádio Excelsior e do secretário da redação e do editor geral do Jornal da Bahia.
Falei para eles que poderíamos dar uma cobertura ao chamado esporte amador e teríamos retorno de audiência, não só na rádio como poderíamos ganhar mais leitores do jornal.
– Pessoal, eu leio diariamente jornais do Sul e eles dedicam muito espaço ao esporte amador. Acho que poderíamos fazer esta tentativa aqui em Salvador.
De início, a minha ideia foi polêmica. Mas acabei convencendo os meus superiores nos dois órgãos de comunicação e começamos a divulgar jogos dos campeonatos de vôlei e basquete.
Na Rádio Excelsior, eu divulgava os resultados das competições, falava dos próximos jogos e citava sempre os destaques da equipes masculina e feminina.
A maior rivalidade no vôlei ficava por conta das equipes da Associação Atlética da Bahia e do SESI. No basquete, as maiores atrações eram os times da Antártica e do SESI.
A cobertura foi ganhando corpo e sempre pedia a escalação de um fotógrafo para a cobertura dos jogos. E na edição dos dias seguintes às competições, publicávamos no jornal.
A cobertura foi tão importante que conseguimos fazer uma inédita transmissão de um jogo de basquete fora de Salvador. O time da Antártica foi fazer um amistoso com o Sport Clube de Recife, no Ginásio Geraldão, na capital pernambucana.
Como a cervejaria Antártica era uma das patrocinadoras das jornadas esportivas da Rádio Excelsior, Marco Aurélio e Nilton Nogueira conseguiram com o Sr. Wilson Menezes, que na época era o diretor da emissora, que fizéssemos o jogo ao vivo.
E desta forma, numa noite de sábado, fomos escalados eu, Irumã Contreiras, atualmente advogado na cidade de Itabuna, e o saudoso Gerson Macedo para fazer o jogo de basquete entre Antártica e Sport.
Foi pena o nosso time ter perdido, mas a transmissão teve grande repercussão. Os comentários favoráveis foram muitos e logo na sequência houve um campeonato brasileiro juvenil, com sede aqui em Salvador, e fizemos a cobertura de todos os jogos.
Em todos os nossos programas esportivos diários da Rádio Excelsior, dávamos grande destaque aos jogos de vôlei, mas não chegamos a fazer nenhuma transmissão ao vivo.
No Jornal da Bahia também a cobertura era intensa. Na oportunidade, não ficamos um dia sequer sem dar notícias das duas modalidades esportivas.
A nossa cobertura foi tão importante que o saudoso e consagrado jornalista Luiz Eugênio, fundador do Esporte Jornal e colunista da Tribuna da Bahia, certo dia escreveu um artigo que me deixou muito emocionado:
“No dia em que forem escrever a história do vôlei e do Basquete na Bahia, um capitulo especial tem de ser dedicado ao jornalista e radialista Mário Freitas. Um dos poucos que se dedicam à cobertura do esporte amador em nosso estado.”
Mas na vida tudo tem começo e fim. O tempo foi passando e anos depois a cobertura já não era mais a mesma. Chegaram outras competições no calendário esportivo do futebol e o espaço foi sendo reduzido para o chamado esporte amador.
Mas valeu a pena. Confesso que me senti muito orgulhoso pelo que pude fazer durante aquele período. Além disso fiz grandes amizades e algumas conservo até hoje.
Rafael Gondim, este para mim o maior jogador de voleibol da Bahia, em todos os tempos, Lena, a sua mulher, ex-jogadora da Associação Atlética, irmã do saudoso Jackson Peixoto, que nos deixou prematuramente no ano de 2020, Eldo Santos e Santos.
No basquete, destaques como Porcão e Aníbal, estes por sinal, faz tempo que não tenho notícias deles. José Carlos Caria, presidente da Federação Bahiana de Voleibol, Og Robson, do Atletismo. E muitos outros.
Marão Freitas
