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A empolgante decisão do Brasileiro de 1984 no grande Rio

O Campeonato Brasileiro de 1984 ainda era disputado pelo sistema de classificação dos oito primeiros clubes na primeira fase, e depois era realizado o sistema de mata-mata. E chegaram para a decisão daquele ano dois clubes cariocas.

O Fluminense que acabou se tornando campeão, na fase semifinal eliminou o Corinthians e o Vasco, que nesta fase da competição passou pelo Grêmio de Porto Alegre.

Na época, eu estava na equipe esportiva da Rádio Clube que era comandada pelo meu amigo Martinho Lélis de Santana. Este me chamou, olhou a tabela e disse:

– Acho que vamos viajar para fazer as duas últimas semifinais e as finais do Campeonato Brasileiro. O que você acha?

O Martinho me perguntou, pois apesar de ele sempre decidir, gostava de consultar os seus colegas.

– Acho uma boa, Martinho. Vamos nessa!

Naquela época, a direção da Rádio Clube liberava os seus profissionais para vender cotas, a fim de cobrir as despesas de hospedagem, passagens e locomoção nas cidades.

– Você acha que a gente consegue vender cotas para cobrir essas despesas?

Perguntou o Martinho.

– Claro, amigo. Vamos cair em campo. Respondi.

E fomos à luta. Conseguimos cobrir todas as despesas, e demos sorte porque os quatro jogos que transmitimos foram no Rio de Janeiro e não precisamos investir em passagens aéreas.

O Fluminense estava praticamente garantido nas finais, programadas para os dias 24 e 28 de maio, porque no domingo anterior tinha derrotado o Corinthians em São Paulo por 2 a 0. Podia perder até por diferença de um gol que garantia a vaga.

A missão do Vasco era um pouco mais difícil porque ia jogar com o Grêmio no sábado (19/05), precisando vencer, pois no jogo de ida tinha perdido por 1 a 0, em Porto Alegre.

E viajamos na sexta-feira (18 de maio) para o Rio de Janeiro. Faríamos logo de cara duas semifinais. Vasco e Grêmio, no sábado, à noite, e Fluminense x Corinthians no domingo, à tarde. Os dois jogos estavam programados para o Maracanã.

No sábado, com mais de 110 mil pessoas presentes no estádio Maracanã, o Vasco deu um banho de bola no Grêmio. Bastava vencer por um gol de diferença, mas numa noite inspirada de Roberto Dinamite venceu por 3 a 0.

Lembro que antes de a bola rolar, vi o Bernard, um dos maiores jogadores do voleibol brasileiro, sentado nas cadeiras perto de nossa posição no estádio.

Chamei ele e perguntei sobre o placar do jogo:

– Crave aí baiano: Vasco 3 a 0.

E não deu outra. O homem que criou o saque jornadas nas estrelas (jogava a bola o mais alto que podia para cair na quadra do adversário) acertou em cheio. E o Vasco garantiu logo a sua vaga na final.

O outro finalista saiu no dia seguinte. Numa tarde de domingo ensolarado, também com mais de 100 mil pessoas no Maracanã, o Fluminense segurou um empate por 0 a 0 com o Corinthians e garantiu o direito de fazer a final com o Vasco.

E depois de duas jornadas, modéstia à parte, fantásticas, eu e o Martinho continuamos no Rio de Janeiro, porque na quarta-feira seguinte e no domingo, os dois clubes cariocas estariam em campo para decidir o título do Campeonato Brasileiro de 1984.

Martinho tinha muitas amizades no Rio e eu também. Então, praticamente, nos encontrávamos na hora de fazer a resenha do meio-dia ao vivo, ou então gravada. E a gente combinava tudo sem problemas.

Fora resenhas e jogos, eu estava na praia de Copacabana, jogando vôlei, nos shoppings da Zona Sul, restaurantes e à noite nas “boites” assistindo shows eróticos, que na época estavam em alta na, então, “Cidade Maravilhosa”.

Enquanto muita gente estava saindo para trabalhar eu estava chegando no Hotel Plaza Copacabana para dormir. E dormia por pouco tempo, porque eu queira mesmo era aproveitar o grande Rio.

Na quarta-feira, dia 24, chegou o dia da primeira grande final. Com um gol do paraguaio Romerito, o Fluminense venceu por 1 a 0. Lembro do lance. O atacante cabeceou, o goleiro Roberto Costa rebateu e o mesmo jogador mandou para o fundo das redes.

No domingo, os dois times voltaram a se encontrar no Maracanã. O Fluminense precisava somente de um empate. O Vasco pressionou, mas não conseguiu tirar o placar do zero. Nos dois jogos também a presença de público foi espetacular. Mais de 100 mil presentes.

Naquela época existia violência nos estádios, mas bem diferente da atualidade. As famílias estavam presentes nos estádios, as torcidas dos dois clubes podiam comparecer e víamos várias crianças.

Na época, eu ainda era torcedor do Vasco, mas confesso que não fiquei chateado, porque se o time ganhasse haveria uma outra partida decisiva na quarta-feira seguinte. Caso fosse o Flamengo, ficaria na realidade revoltado.

Foram momentos agradáveis, naqueles dias no Rio de Janeiro, além de quatro grandes jornadas no Maracanã, mas já era hora de voltar. Afinal, já estávamos viajando fazia dez dias.

Marão Freitas

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