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A minha humilde colaboração para o Bahia subir da Série C para a Série B

O futebol baiano teve o  dia mais triste em toda a sua história, e que ainda está guardado na memória de muitos torcedores, em 11 de setembro de 2005.

Naquela fatídica tarde, para os torcedores dos nossos dois maiores clubes, Bahia e Vitória, decepcionaram e foram rebaixados para a Série C do Campeonato Brasileiro.

O Bahia que já ganhou dois títulos nacionais, em 1959, derrotando Santos na final da Taça Brasil por 3 a 1, no dia  29 de março do ano seguinte, e depois levantando o título empatando com o Internacional no Beira-Rio, em 19 de fevereiro de 1989, foi derrotado pelo Paulista por 3 a 2, em Jundiaí.

No mesmo dia, quase no mesmo horário, o Vitória que já foi vice-campeão da Série A, em 1993, perdendo a final para o Palmeiras, e também foi vice da Série B, perdendo para o Paraná, na Fonte Nova, um ano antes, empatou por 3 a 3 com a Portuguesa, aqui no Barradão, e também foi rebaixado, graças a uma improvável virada do CRB sobre o Criciúma, por 2 a 1, em Criciúma, no estádio Heriberto Hulse.

Parecia que chegamos ao fundo de um poço sem fim. Poucos poderiam imaginar que os dois maiores clubes um dia fossem rebaixados para a Série C. E aconteceu: os dois caíram de uma vez.

Lembro que eu estava no jogo de Jundiaí e voltamos, numa Kombi, para São Paulo, junto com Fernando Cabús, Dito Lopes, Márcio Martins, entre outros colegas.

O ambiente era de tristeza. E uma pergunta era feita por quase todos:

– E agora? O que será do nosso futebol? Bahia e Vitória na Série C? Quem poderia imaginar uma coisa dessas?

O Bahia atravessava um difícil momento político, com vários movimentos de torcedores exigindo mudanças na diretoria, e no Vitória a situação era a mesma.

Pelo lado do Bahia, apesar da dura realidade de disputar uma Série C, a situação política se acalmou, mas no Vitória o presidente Paulo Carneiro não suportou a pressão.

Ou pediu para sair ou foi destituído do cargo, pelos chamados cardiais que sempre colaboravam com o clube nos momentos difíceis. Até hoje, o fato não ficou bem esclarecido.

Mas veio o ano seguinte, e para sorte do Bahia e do Vitória ficou estabelecido pela Confederação Brasileira de Futebol que subiriam quatro clubes da Série C para a Série B.

Até aquele ano de 2005, subiam apenas dois clubes, da Série C para a Série B, o que tornaria a situação dos dois nossos representantes bem mais difícil.

E veio o Campeonato Brasileiro de 2006, disputado num sistema de grupos e na sequência mata-mata. E o Vitória teve competência para subir logo depois de apenas um ano na Série C.

Mas o Bahia não obteve sucesso na sua tentativa de acesso logo neste primeiro ano.  E desta forma, teria de disputar mais um ano uma competição deficitária e sem cobertura de nenhum canal de televisão.

Em 2007, com o Vitória já tendo conseguido o seu acesso para a Série B, o Bahia, para revolta da sua imensa torcida, voltava mais uma vez a disputar a Série C.

E o Bahia teve muito trabalho nesta competição. Chegou na última rodada tendo de vencer o Fast Clube, na Fonte Nova, e torcer para o ABC empatar ou ganhar do Rio Branco, lá no Acre.

Como eu sabia que este jogo de lá interessava muito ao Bahia, pedi uma linha para o stúdio de uma rádio de Rio Branco e ia colocando trechos do jogo no ar , revezando com a transmissão da Fonte Nova.

Nenhuma outra emissora de rádio aqui de Salvador teve esta iniciativa. Apenas nós da Rádio Excelsior, lembramos que não adiantava de nada o Bahia ganhar se não houvesse uma combinação de resultados.

Lembro que no intervalo do jogo na Fonte Nova, o Bahia já ia voltando para o campo e a partida em Rio Branco ainda não tinha sido reiniciada.

Ai, eu tive uma ideia. Pedi ao repórter Dito Lopes para avisar ao pessoal de apoio do Bahia o que estava acontecendo. Era importante que os dois jogos começassem no mesmo horário, ou o daqui até um pouco mais tarde.

– Dito, avisa ao pessoal que o segundo tempo do jogo de lá ainda não começou.

Falei no ar na nossa jornada na Rádio Excelsior. E desta forma, inteligentemente, o Bahia retardou um pouco o início do segundo tempo, enquanto eu colocava no ar o som da rádio de Rio Branco.

E no final, muitos ainda se lembram. O jogo de lá terminou primeiro, empatado em 0 a 0, e o Bahia com um gol de Charles, marcado já aos 51 minutos, venceu o time de Manaus e seguiu na competição.

Depois enfrentou outros adversários nesta mesma Série C e conseguiu o tão sonhado acesso para a Série B. Depois de ficar por muitos anos, voltou para a Série A.

Foi pequena, mas valeu a minha modesta colaboração ao ter pedido uma linha para Rio Branco e deixar todo o pessoal de apoio do Bahia atualizado sobre o que vinha ocorrendo na capital do Acre.

Marão Freitas.

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