Search
Close this search box.

A minha primeira (e inesquecível) viagem de avião

No ano de  1970, o Bahia disputou as suas partidas pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o chamado Robertão, que naquele ano acabou sendo ganho pelo Fluminense do Rio, no estádio Lourival Batista, na cidade de Aracaju.

O então Governador, Luiz Viana, tinha autorizado as obras de reforma do estádio da Fonte Nova, e o Bahia fez a opção de jogar no vizinho estado, uma vez que existia a possiblidade do deslocamento dos seus torcedores, uma vez que a distância entre as duas cidades é de cerca de 318 quilômetros.

Na época, eu trabalhava na equipe esportiva da Rádio Excelsior, AM 840, cuja equipe era comandada por Fernando José, que depois se transferiu para outras rádios e chegou à televisão fazendo muito sucesso apresentando o programa “Balaço Geral”.

A sua popularidade foi tão grande que o então político e proprietário do sistema Nordeste de Comunicação, Pedro Irujo, o lançou como candidato a Prefeito de Salvador e ele foi eleito, sucedendo Mário Kertész.

Para a cobertura dos jogos em Aracaju, a Rádio Excelsior tinha três repórteres: eu, Jorge Samartin, o “Super San”, e Ênio Carvalho, o chamado “Águia da Preferida”.

O esquema de viagens era feito da seguinte maneira: quando os jogos eram no meio de semana, a gente viajava de véspera e voltava depois do jogo. A viagem era feita em ônibus leito (aproximadamente 5 horas e meia de duração).

Quando os jogos eram realizados nas tardes de domingos, a viagem era aos sábados, à noite, e a volta no mesmo domingo à noite. Era uma espécie de padrão determinado pela chefia da equipe.

Até aquele ano de 1970, eu alimentava um sonho que ainda não tinha conseguido realizar. Desde a minha juventude, pensava em fazer uma viagem de avião.

– Fernando, numa dessas viagens que você me escalar para cobrir um jogo do Bahia em Aracaju, eu poso ir ou voltar de avião?

– Você vai receber o dinheiro para as passagens de ônibus e das diárias do hotel. Mas caso queira ir ou voltar de avião, não tem problema.

Depois desse diálogo com o Ferrando, fiquei à vontade para realizar o meu sonho. E fui escalado para cobrir, com Nilton Nogueira (narrador) e Souza Durão (comentarista), o jogo entre Bahia e Fluminense.

O jogo estava marcado para o dia 14 de outubro, uma quarta-feira, à noite. Analisei e cheguei à conclusão de que era melhor eu voltar do que ir de avião.

Nesta época eu também já trabalhava como repórter do Jornal da Bahia. Não ganhava grandes salários nos dois órgãos de comunicação, mas sobrava uma graninha para eu comprar o bilhete Aracaju/Salvador, antes mesmo de receber o dinheiro das despesas que a Rádio Excelsior dava aos seus profissionais para a cobertura dos jogos.

Naquele ano, existia um voo da extinta Transbrasil que saia de Aracaju às 9 horas da manhã com destino a Salvador. Comprei o bilhete para o dia 15 de outubro, um dia depois do jogo, e a partir dai foi só ansiedade.

Lembro que o equipamento (tipo do avião) era um Dart Herlad, hoje já fora de linha da aviação comercial. Sempre que encontrava alguém que tinha costume de viajar de avião, perguntava sobre o modelo no qual faria a viagem.

Nos dias 13 e 14, quando houve o jogo e que acabou com a vitória do Bahia por 1 a 0, (gol de Zé Eduardo), quase que não consegui dormir. Não via chegar a hora de realizar mais um sonho naquele meu começo de carreira, como repórter de rádio.

Feliz c0m  o resultado do jogo, vi os meus colegas Nogueira e Durão seguirem para a Estação Rodoviária, a fim de pegar o ônibus de volta para Salvador, e voltei para o hotel.

Depois de uma noite mal dormida (era só ansiedade) fui para o aeroporto e no horário certo, peguei o avião e depois de 43 minutos estava pousando no aeroporto Dois de Julho, hoje Luís Eduardo Magalhães.

Começava ali uma série de inúmeras viagens que fiz por este Brasil e Mundo afora, atingindo a fantástica marca de quase 10 mil horas de voos, marca não atingida nem por alguns pilotos da aviação comercial brasileira.

Com ajuda do meu grande AMIGO, Nivaldo Carvalho, um grande conhecedor de futebol e torcedor do Bahia, vou apresentar a ficha técnica daquele Bahia 1 x 0 Fluminense, no dia 14 de outubro de 1970.

Local: Estádio Lourival Batista.

Juiz: Romualdo Arpi Filho.

Gol: Zé Eduardo.

Renda: 64 mil e 400 (na moeda da época).

Público pagante: 11 mil 251 torcedores.

Bahia: Picasso, Aguiar, Zé Oto, Roberto Rebouças e Souza (Raul); Lourival e Baiaco; Laet (Beijoca), Zé Eduardo, Carlinhos Gonçalves e Artur. Técnico, Fleitas Solich.

Fluminense: Felix, Oliveira, Galhardo, Albérico e Marco Antônio; Denílson e Didi; Cafuringa, Flávio, Samarone (Mickey) e Lula. Técnico, Paulo Amaral.

Marão Freitas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *