Search
Close this search box.

A validade de um iogurte

Há mais de 40 anos o cenário político baiano tem majoritariamente duas vertentes: o carlismo, atualmente neocarlismo, e o outro grupo político, formado pela centro-esquerda.

Esta polarização tem início em 15 de março de 1979, quando Antonio Carlos Magalhães iniciou seu mandato como governador da Bahia. A partir daí temos, em nível estadual, governos carlistas, a gestão Waldir Pires e depois Nilo Coelho e 16 anos dos governos petistas. Portanto, nada de novo no cenário político estadual.

Cada grupo político deu a sua contribuição para o nosso estado, mas ainda há muito o quê avançar. E no pleito de outubro a população definirá quem pode suprir as carências.

Do ponto de vista do nível nacional, a eleição majoritária será polarizada nos dois “brasis”. Até porque até o momento as pesquisas demonstram que a terceira via não decolou. Afinal, até agora as duas únicas candidaturas com musculatura eleitoral são a de Bolsonaro e Lula.

Mas o foco deste artigo é a política no estado da Bahia. Nós, profissionais do marketing político, inclusive em momentos de lazer, somos sondados sobre previsões acerca do resultado das eleições. Entretanto, não somos o oráculo. E este atual cenário é o mais difícil para previsões.

Pois chapas das eleições majoritárias surgem nas especulações e cerca de três dias depois caem. No espectro da centro-esquerda, seria Jaques Wagner, depois a especulação foi em torno do nome de Otto Alencar e agora o cenário está indefinido. Já a pré-candidatura de ACM Neto é um fato consumado. Mas quem será o pré-candidato a vice-governador? E ao Senado? Pairam as dúvidas no ar.

Esta situação gera um “nó” na mente das pessoas. O eleitor está confuso. Assim como ficam perdidos os partidos das bases de apoio, as militâncias e lideranças políticas e os prefeitos aliados aos dois espectros majoritários da política na Bahia.

E para embaralhar ainda mais este cenário confuso, há João Roma. Será candidato a governador? E, obviamente, os índices de aprovação do presidente da República repercutem intrinsecamente na viabilidade eleitoral de João Roma. Eis outra situação que tem a validade de um iogurte.

E a Bahia tem a eleição mais “federalizada” de todos os estados. Pois o cenário nacional repercute bastante aqui no pleito estadual. E há a incógnita também em algumas pré-candidaturas às majoritárias no estado sobre quem será o seu pré-candidato à presidente.

Neste cenário há também partidos que flertavam com um dos “lados” da política baiana e abandonaram o barco. Há outros com ligações com um grupo político, mas sinalizam uma possível migração para o outro lado.

E, por último, mas não menos importante, surge a possibilidade de João Leão ser o candidato de Bolsonaro na Bahia ao Governo do Estado. Aí embaralha de vez a cabeça do eleitor. Como se diz em bom baianês, “quem guenta com isso?”

Há uma máxima de que cada eleição é um pleito diferente. E esta será a mais difícil de todas desde os anos 80. E o planejamento eleitoral fica complicado neste cenário nebuloso. Portanto, a análise agora é preditiva.

E como o profissional de marketing político se enquadra nesta realidade? Creio que é estimulante. Pois tudo estava tudo muito igual e agora o modelo de fazer campanha está colocado de “cabeça para baixo”. E os políticos neste cenário precisam de profissionais competentes, adequados a esta nova realidade. A produção de conteúdos interessantes ao eleitor, por exemplo, é fundamental.

No pleito anterior, escrevi um artigo e concedi algumas entrevistas onde pontuava que aquela eleição seria a mais difícil de todas para os vereadores, devido ao fim das coligações. E as taxas de renovação comprovaram a nossa tese.

Agora, o cenário é o do “hoje”. Pois amanhã o xadrez político no ritmo que está não só gira freneticamente, como também está capotando. O desafio da Comunicação Social é pautado pela urgência.

Alguém já disse que a política é como as nuvens, que nunca estão na mesma posição. E na Bahia realmente esta impossível fazer qualquer exercício de meteorologia política.

Afinal, a validade de uma chapa política hoje no nosso estado é a mesma de um iogurte.

 

*Robson Wagner é CEO da W4 Comunicação

Conteúdo, site: www.bahianoticias.com.br

Foto: Acervo pessoal

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *