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As belas manhãs e tardes na praia do Porto da Barra

Costumo dizer que grandes momentos da minha vida vivi na praia do Porto da Barra. Um local que aos domingos sempre foi super concorrido, mas durante os dias da semana, a frequência era menor.

Na década de 80, eu fazia um programa na Rádio Excelsior (AM 840), o Show de Bola Matinal das 7 às 7 e meia. A sede da rádio era na Praça da Sé, no edifício Ruby, no quarto andar.

Depois de fazer o programa, eu dava uma passada na Secretaria da Justiça, na Rua Chile, onde durante algum tempo prestei meus serviços e em seguida me dirigia para a praia do Porto da Barra.

Ali tinha de tudo, ou quase tudo: jogo de voleibol, jogo de peteca, garotas de topless, baianas de acarajé, barracas de bebidas, bate papo com amigos, mulheres bonitas, gente jovem. Enfim, era uma local de muitas atrações.

Normalmente, ficava por lá até às 16 horas, e depois seguia para o Jornal da Bahia, onde exercia as funções de repórter, depois me tornei editor da edição da especial das segundas-feiras e mais tarde da edição diária.

Entre outros vários amigos, também frequentavam a praia do Porto do Barra, o professor Jayme Saldanha, que trabalhou no Bahia, no Flamengo, como preparador físico,  e vários outros clubes, o professor Antônio José e diversos atletas dos times de vôlei masculino e feminino da Associação Atlética da Bahia.

Aliás, o professor Jayme Saldanha, atualmente está aposentado e faz um belo trabalho no cuidado com animais, principalmente aos pets de rua, sem nenhuma conotação política.

Lembro que existia uma quadra de vôlei improvisada na areia, mas um dia, por reclamação de alguns banhistas, a Polícia chegou e pediu que evitássemos a prática do esporte.

Chamei o professor Saldanha, a quem apelidei de o “Xerifão do Porto da Barra” e disse:

– Rapaz, não podemos ficar sem o nosso vôlei aqui na praia.

– E o que vamos fazer?

– Vou conversar com o Enaldo Rodrigues, que é diretor de um departamento que cuida dos esportes no município e ele pode dar uma autorização para utilizarmos este espaço para a gente não deixar de jogar.

– Boa ideia! Você tem bom relacionamento com o Enaldo?

– Ótimo. É meu amigo pessoal. Além de ser uma grande figura, ele vai saber entender que existe espaço para a prática do esporte.

Não deu outra. Fui no local de trabalho do Enaldo, expliquei a situação e ele mandou um fiscal da Prefeitura lá no Porto da Barra. Este viu que havia espaço para a prática do vôlei, da peteca e para os banhistas também ficarem à vontade. Resumindo: tinha espaço para tudo.

Recordo que nesta época (final da década de 80 e início da de 90) existia uma novela na Rede Globo de Televisão e tinha um personagem chamado Aritana.

Eu costumava usar um bronzeador chamado Nude Bronze. Peguei uma cor legal e aí a galera passou a me chamar de Aritana, não só pela cor, mas também como pelos cabelos, na época, bem mais longos.

Num desses dias em que estávamos jogando as nossas peladas de vôlei, apareceu na praia uma menina que tinha sido candidata ao concurso de Rainha do Carnaval, e ficou como princesa.

Já a conhecia de entrevistas que ela dava nos programas da Rádio Excelsior e porque também fiz parte do júri que elegeu a jovem mais bonita, como rainha da folia.

Ela me viu e me chamou. Só que ela estava fazendo topless, quer dizer sem a parte de cima do biquíni.

-Ei, Mário, quando puder vem aqui quero te fazer uma pergunta.

Pronto, bastou a bela Geisa me chamar para a galera ficar “ouriçada”.

-Para o jogo. Deixa o cara ir lá falar com a menina.

E não é que o jogo foi paralisado mesmo. Todos os homens que estavam disputando a partida pediram para parar o set, a fim de que eu fosse conversar com a garota do topless.

Fui lá e conversei com a Geisa. Mas o que ela queria saber, mesmo, era se eu tinha algum conhecido em Feira de Santana, porque ela queria concorrer ao concurso de rainha da micareta daquela cidade do interior.

E a galera queria mesmo era ficar olhando para os belos seios da Geisa, que estava acompanhada da Liliana, que também concorreu ao concurso, mas não obteve sucesso. E também estava praticando topless.

Ali, fiz grandes amizades como o Comandante Camargo, que hoje pilota o avião da cantora Ivete Sangalo. O saudoso Salvador, que trabalhava na Vasp e foi assassinado por um louco, que queria que a tripulação de um avião daquela companhia aérea jogasse o avião em cima do Palácio do Planalto, em Brasília.

Enfim foram manhãs e tardes agradáveis vividas num dos mais belos cartões postais de Salvador. E é como diz o velho dito popular: “Velhos e bons tempos que não voltam jamais”.

Marão Freitas

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