Na década de 90, fui ao Rio de Janeiro para transmitir um jogo entre Flamengo e Vitória no estádio Maracanã. Viajamos na terça-feira, onde houve um jogo do Bahia em São Paulo e de lá seguimos direto para a então “Cidade Maravilhosa”.
Na oportunidade, eu estava com a minha Equipe Alto Astral na Rádio Excelsior da Bahia – AM 840. O repórter desse jogo foi o parceiro Renato Lavigne, que só chegou no Rio, no sábado.
Eu e o Cabús chegamos desde quinta-feira e, como sempre, a nossa hospedagem preferida era no Hotel Plaza Copacabana. Aliás de quase toda a crônica baiana.
Eu mantinha um excelente relacionamento com o proprietário, o saudoso, Manuel Suares, com o pessoal da recepção do restaurante, enfim me sentia realmente em casa.
Chegamos no hotel, fizemos nosso check-in e perguntei ao Cabús:
-E ai, Fernandão, vamos para onde?
-Você conhece o Rio bem mais do que eu. Vamos para onde você quiser.
-Então vamos lá no Shopping Rio Sul.
E fomos lá. O estabelecimento fica bem perto do hotel e nos íamos andando mesmo. Demos umas voltas, almoçamos, voltamos para o hotel e à noite fomos para a Avenida Atlântica.
Um dos locais mais famosos do Rio de Janeiro, com os seus agradáveis bares, fantásticos restaurantes e muitas casas de espetáculos, com seus incríveis shows noturnos. No dia seguinte, na sexta-feira, gravamos a nossa participação para a resenha do meio-dia e decidimos sair.
E de repente, chamei o meu parceiro Fernandão para ir numa loja na Rua Barata Ribeiro, também, em Copacabana. Lembro bem do nome da vendedora, Gisa, pois já tinha ido por lá outras vezes.
E fizemos uma boa amizade, pois todas às vezes que eu ia no Rio, sempre dava uma passadinha na loja onde a Gisa trabalhava. Chegamos por lá, ela como sempre fez uma festa eu apresentei o meu amigo e começamos a olhar alguns artigos.
Era um local onde eram vendidos artigos masculinos e femininos. Lembro que era perto das 13 horas e ela me disse:
-Estou precisando falar com você.
-Sem problemas. Estou à sua disposição
Ai ela me chamou de lado e me disse:
-Eu tenho duas horas de folga das 13 às 15 horas. A gente pode almoçar?
– Claro que podemos.
-Talvez eu tire uma folga e nem volte para trabalhar hoje, pois tenho algumas coisas para resolver.
Eu notei que ele queria conversar só comigo. Chamei o Fernandão e disse:
-Parceiro, a Gisa disse que precisa conversar comigo, e me chamou para almoçar.
-Vá, tranquilo.
Foi aí que tivemos uma ideia. Eu não sabia qual era a intenção da Gisa, nem tão pouco o Fernandão. Foi quando decidimos o seguinte: a gente ia para o mesmo restaurante e ficaríamos em mesas separadas.
Combinamos e fomos para um restaurante na Avenida Atlântica, lá mesmo em Copacabana. Como o local era grande, ela não notou que o meu amigo estava sentado em uma outra mesa.
Na realidade, não sabia o que ela queira conversar comigo. Eu e o Fernandão decidimos o seguinte: caso ela só queira mesmo almoçar comigo a gente arma um código, para não ficarmos distantes durante a tarde. Eu ligo para o seu celular e digo que o Vitória não tem chances de ganhar o Flamengo domingo. Caso ela queira ficar mais um tempo comigo, eu digo que o Vitória tem chances até de ganhar o jogo.
Combinamos tudo certinho. O Fernandão foi na frente para o restaurante, eu fui na loja que ficava perto, e voltei com a Gisa para o mesmo local.
E a Gisa queria ouvir uns conselhos meus. Como me achava uma cara equilibrado, gostaria de saber o que eu achava da situação que ela estava vivendo com o marido.
Ouvi, fiz algumas perguntas para ela e disse que ela mantivesse a calma, porque a separação só deveria ocorrer em um caso extremo e pelo que ela me disse era uma situação contornável.
Quando soube o que ela queira conversar comigo, liguei, como combinado no celular, e disse ao Fernandão:
-Parceiro, quando você for fazer o boletim, diga que o Vitória não tem nenhuma chance. O Flamengo deve ganhar e até com facilidade.
Nesse intervalo de tempo, a Gisa também recebeu uma ligação da loja, pedindo para que a folga dela fosse suspensa. Paguei a conta levei ela de volta e fui encontrar com o meu parceiro.
Depois, voltei outras vezes no Rio e a Gisa continuava casada. Quem sabe decidiu acatar o meu conselho. Mas com a implantação do “tubão” (transmissão de jogos pela televisão) nunca mais fui no Rio e também não tive mais noticias da minha amiga vendedora, Gisa. De repente, quem sabe, eu evitei uma separação. Pelos menos, naquela oportunidade.
Marão Freitas