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O dia em que o jovem Bobô me encantou jogando futebol

No início da década de 80, o meu amigo Antônio Luis Chaves, filho do saudoso e uma das maiores autoridades no Direito do Brasil, Raul Chaves, era um dos donos da Rádio Caraíba de Senhor do Bonfim.

Antônio Luiz também marcou época no jornalismo baiano, apresentando um telejornal na TV Aratu, que na oportunidade era afiliada da Rede Globo. No final do jornal, ele piscava o olho. Foi uma marca forte.

Num determinado dia, Antônio Luiz foi no departamento de esportes da Rádio Excelsior AM 840. A emissora funcionava no Edifício Ruby, no quarto andar, na Praça da Sé.

Ele foi conversar com os chefes do departamento de esportes, Marco Aurélio e Nilton Nogueira, para que este fosse transmitir o jogo final do campeonato municipal de Senhor do Bonfim, entre Bahia Jovem e Bonfinense.

Nogueira topou. Mas lembro que Marco Aurélio argumentou:

– Nogueira, no próximo domingo, Bahia e Vitória vão jogar, pelo Campeonato Brasileiro. Somos os narradores titulares da equipe e você não pode ficar de fora neste final de semana.

– E como podemos resolver este problema? Perguntou o Antônio Luiz.

– Leve o Mário Freitas. Ele vai estar de folga da jornada e pode ir.

Antônio Luiz perguntou se eu topava ir fazer aquela final para a Rádio Caraíba.

–  Claro, amigo. Na hora. Só me diga como vou chegar lá.

E pronto. Definimos tudo, e na sexta-feira à noite (o jogo era no domingo) peguei um ônibus da Empresa São Luiz, às 22 horas e 30 minutos e às 4 horas e 50 minutos da manhã seguinte, estava chegando em Senhor do Bonfim.

E a partir daquele dia estava escrevendo mais uma página na história da minha longa carreira no rádio. Quando cheguei por lá, já estava tudo esquematizado e fui direto para o Hotel Leste.

E este hotel existe até hoje. Completamente reformado, é considerado o melhor da cidade de Senhor do Bonfim e um dos melhores de toda a região.

Estava tudo programado para a grande final entre Bahia Jovem e Bonfinense, que seria realizado no domingo, às 16 horas. Na cidade, não se falava em outra coisa.

Fiz logo uma grande amizade com o Teodomiro Batista, o grande Tidu. Até hoje nos falamos e constantemente trocamos telefonemas. Ele era um dos dirigentes do futebol local. Entre outros amigos e amigas que fiz, pois depois voltei várias vezes para transmitir outros jogos da seleção pelo Campeonato Intermunicipal.

O sábado foi de visitas a bares, restaurantes, boites, passeios pela cidade, e procurei  dormir cedo, porque afinal tinha de me preparar para fazer uma grande transmissão no dia seguinte.

Naquela época, não existia rádio FM, e como a cidade de Senhor do Bonfim é localizada entre alguns morros, só podia se ouvir rádio de fora, à noite, principalmente a Rádio Globo, a famosa AM 1220.

E no domingo a bola rolou, às 16 horas. Com menos de 20 minutos de jogo, eu perguntei ao repórter que estava comigo na jornada da Rádio Caraíba quem era aquele menino que estava jogando com a camisa 10.

-É Bobô. Um jovem, aqui da cidade, e apontado como um dos grandes jogadores da região.

E pela primeira vez, um cronista de Salvador viu Bobô jogando futebol. E logo notei que o hoje Deputado Estadual, Raimundo Nonato, era mesmo um craque de bola.

– Esse menino tem futuro, hein? Joga de cabeça erguida, lança bem, chuta com perfeição, tem visão de jogo. É craque e vai estourar no futebol profissional.

Cheguei em Salvador na segunda-feira, bem cedo, e ainda participei da resenha “Show de Bola do Meio-Dia”, de fantástica audiência, e até hoje lembrada por muitos que gostam de futebol.

– Galera, vi um menino chamado Bobô jogando ontem em Senhor do Bonfim, que é um craque de bola. Anotem este nome : Bobô. É novo e joga muito. É craque.

E eu estava certo. Pouco tempo depois, o saudoso Antônio Pena, presidente da Catuense, foi buscar aquele menino que encantou plateias pelo Brasil e mundo afora, jogando pelo Bahia, Flamengo, São Paulo, Internacional, Corinthians e Seleção Brasileira.

Marão Freitas

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