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Técnico ganha jogo?

Técnico ganha jogo?
Dizem que todo brasileiro é um técnico de futebol, mas o futebol está monótono, burocrático. Os esquemas táticos atuais criam jogadores desprovidos de habilidade. Como funcionários, são doutrinados a cumprir os regulamentos. Aprendem alguma técnica e adquirem força física desde as divisões de base. Os jogadores parecem bonecos de cordéis, presos por fios imaginários manipulados por seus treinadores e empresários.

Você já jogou futebol soçaite com um flamboyant plantado à frente da zaga ou um coqueiro de lateral?

Você sabia que houve um técnico que dormia no banco de reservas durante o jogo e mesmo assim seu time ganhou uma Copa do Mundo?

Quais as inovações táticas que você viu no futebol? O Carrossel holandês de Rinus Michels, da Copa de 74; o futebol do “ponto futuro” e “overlaping” de Cláudio Coutinho, da Copa de 78; o futebol que ganhava, e também perdia, jogando bonito, de Telê Santana, da Copa de 82 ou a “família que joga unida permanece unida” de Luis Felipe Scolari, da Copa de 2002?

Dizem, alguns técnicos proíbem seus zagueiros de dominar a bola em qualquer circunstância. A bola chega e volta. É a versão do zagueiro-zagueiro, criada por não sei qual treinador. Fazer uma boa e elegante “domingada”? nem pensar, não mais é permitido.

Você conhece o jogador pelo “ arriar das malas? ” E se Garrincha chegasse para treinar em seu time, você o colocaria para jogar? Tentaria lapidar sua torta postura física, modificar seu drible sempre igual? Dizia João Saldanha que Garrincha não precisava de preleções. Todo o restante do time treinava esquemas táticos, ouvia instruções. Garrincha, não. Mas na hora do “vamos ver”, ele decidia o jogo.

Durante o jogo, você se comunicaria com auxiliares posicionados no alto das arquibancadas e receberia deles, através de parafernálias tecnológicas, instruções para aplicá-las ao jogo? Pois saiba que o pequeno estádio da cidade de Juazeiro, na Bahia, tem arquibancadas com oito ou dez degraus, e mesmo assim um técnico utilizava o tal “ponto eletrônico” nos jogos de sua equipe.

Você usaria um terno da grife Armani, debaixo de um sol escaldante, nos jogos do seu time, e assim, elegantemente trajado, passaria instruções deselegantes e grosseiras, aos berros, aos seus atletas em campo?

Na condição de treinador de um time da Série C do futebol brasileiro, você mandaria colocar escorpiões no vestiário a ser utilizado pelo adversário visitante antes de uma partida decisiva?

Sorte e competência se juntam para forjar uma equipe vencedora. Grandes craques ajudaram bons técnicos a formarem times vencedores: o Santos de Pelé, o Flamengo de Zico e o Ájax de Johann Cruyff são alguns exemplos. Rinus Michels, técnico holandês, dizia que era fundamental dar conjunto, coerência e harmonia ao seu time, bem como cuidar de aprimorar a imaginação individual de cada jogador. Guszlav Sebes, o célebre técnico húngaro criador da melhor seleção de seu país, vice-campeã na Copa de 54, afirmava que “todos os jogadores têm o mesmo peso e devem saber jogar em todas as posições”.

César Luiz Menotti, um dos grandes técnicos da história do futebol argentino, acha o futebol tão simples que resumiu toda essa questão numa frase notável, por sua simplicidade: “O gol é apenas mais um passe para dentro da rede”.

Sílvio Monteiro

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