O antigo Maracanã sempre foi considerado o maior estádio do Mundo. Ali foram realizadas grandes partidas com fantásticas presenças de público. Desde a sua inauguração para a Copa do Mundo de 50, quando perdemos a final na tragédia contra o Uruguai por 2 a 1, até antes da reforma para a Copa do Mundo de 2014.
No gigante do Maracanã, tivemos grandes decisões dos campeonatos estaduais do Rio de Janeiro, campeonatos brasileiros, Mundial de clubes, onde o Santos venceu o Milan da Itália, em duas grandes partidas, na década de 60.
Eu tive o privilégio de fazer grandes transmissões no Maracanã. Não só de campeonatos estaduais do Rio de Janeiro, como também de campeonatos brasileiros.
Em 1982, eu estava trabalhando na Rádio Clube AM 1290, onde a equipe esportiva era comandada pelo saudoso, apresentador e grande narrador, Juarez de Oliveira.
Para um domingo do mês de dezembro, estava programada uma final do Campeonato Carioca entre Flamengo e Vasco. Os dois entraram num triangular com o América e chegaram à grande final em igualdade de condições.
Chamei o Juarez e disse para ele:
– Jura, vai ter uma final do Campeonato Carioca no domingo, dia 5 de dezembro. O que você acha de fazermos esta partida?
– Acho uma boa. Você consegue vender as despesas?
– Acho que sim, porque é um jogo de grande apelo e nem deve ter transmissão de televisão.
E pronto. Procuramos o Demir Raposo, que era o nosso diretor comercial, (acertamos os detalhes) e caí em campo para vender as passagens de ida e volta para o Rio de Janeiro, e a hospedagem no tradicional Hotel Plaza Copacabana.
E desta forma, viajei no dia três (uma sexta-feira, dia 03 de dezembro) e o jogo estava programado para às 17 horas do domingo, no estádio do Maracanã. Mais uma vez, Flamengo e Vasco iriam decidir um campeonato estadual.
O Flamengo chegou na final por ter ganho o título do primeiro turno, equivalente à Taça Guanabara. O América por ter ganho o segundo turno, a Taça Rio, e o Vasco por ter somado mais pontos do que os dois concorrentes.
Como tinha um jogo pelo Campeonato Baiano, também na tarde daquele domingo, eu viajei para fazer a transmissão sozinho. Naquela época, eu ainda era “apaixonado” pelo Vasco.
Mas quando a bola rolava, eu esquecia a paixão pelo clube e procurava dar o meu melhor durante os noventa minutos. Ou um pouquinho mais. Naquela época, eram noventa mesmo. Os descontos eram de dois ou três minutos, no máximo.
E assim, num Maracanã com 113 mil pessoas, naquela tarde de cinco de dezembro de 1982, com um gol de Marquinho, aos 3 minutos do segundo tempo, eu narrei uma das mais emocionantes partidas da minha carreira.
E apesar da pressão do Flamengo, que tinha um timaço, o Vasco foi valente, segurou o placar de 1 a 0, foi campeão e no final fui ao delírio. Afinal, no futebol as minhas maiores emoções e alegrias foram as vitórias do Vasco sobre o Flamengo.
Em compensação, as minhas maiores decepções e tristezas foram as derrotas do Vasco para este mesmo Flamengo. Em duas oportunidades disse isso a Zico, o grande “Galinho de Quintino” e a Petkovic, autor daquele histórico gol de falta que decidiu o campeonato de 2001. E eu estava por lá também.
E naquele dia cinco de dezembro, jogando com Acácio, Galvão, Celso, Ivã e Pedrinho; Serginho, Ernani e Dudu depois Mauricinho; Pedrinho Gaúcho depois Rosemiro, Roberto Dinamite e Gerson, o Vasco, comandado por Antônio Lopes, bateu o Flamengo que, um ano antes, tinha se sagrado campeão mundial, ao derrotar o Liverpool, por 3 a 0, no Japão.
Naquela tarde, o Flamengo comandado por Paulo César Carpegiani jogou com Raul, Leandro, Figueiredo, Marinho e Júnior; Andrade, Adílio depois Vitor e Zico; Tita, Nunes e Lico depois Wilsinho. Era realmente um grande time.
Uma jornada marcante e empolgante, numa linda tarde de sol no Maracanã, onde vi o meu Vasco superar o forte time do Flamengo e se sagrar campeão carioca de futebol.
Marão Freitas
