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Uma entrevista com o ex-presidente Jânio Quadros

Em 1974, eu estava trabalhando na equipe de França Teixeira, e também participava das jornadas esportivas da Rádio Sociedade de Bahia – AM 740.

França Teixeira foi, na minha opinião, o maior nome do rádio baiano. Como apresentador, era fantástico, polêmico, criou um novo estilo de fazer comunicação na Bahia e gerou muitos empregos.

Junto com o seu fiel aliado, também saudoso Álvaro Martins, França Teixeira começou a carreira na Rádio Excelsior, depois passou pela Rádio Cultura, Rádio Sociedade, TV Itapoan, até criar a sua própria rádio, a Clube de Salvador AM – 1290.

Naquele distante ano de 1974, a Rádio Sociedade da Bahia estava completando os seus 50 anos. E várias entrevistas foram programadas para comemorar o evento.

Marco Aurélio era o coordenador da equipe de França. E eu também era repórter da edição diária do Jornal da Bahia e editor de esportes da edição das segundas-feiras.

Modéstia à parte, sempre fui um bom repórter. Aliás, Marco Aurélio diz que ninguém no rádio sabe fazer perguntas como eu. Mas isso fica pela bondade e generosidade do amigo que ele é.

– Olha aqui, bicho, ninguém pergunta e faz entrevistas melhor do que você não, viu? Dizia sempre o Marco.

Fizemos uma reunião, num escritório que França tinha na Avenida Estados Unidos, no Comércio, e decidimos que eu iria passar 15 dias no eixo Rio/São Paulo, fazendo entrevistas para a resenha do meio-dia.

Sai daqui com uma relação pronta, e outras sugestões de pautas eu mesmo fui criando, ao longo da viagem para as duas maiores cidades brasileiras.

Em São Paulo, tinham alguns nomes que eram importantes: Pelé, Eder Jofre, e o ex-presidente da República, o Dr. Jânio Quadros. Mas como chegar até ele?

Naquela época, apesar de não existir a tecnologia de hoje, os contatos, às vezes, se tornavam mais fáceis. O fato é que consegui localizar o endereço do ex-presidente.

Lembro que ele morava na Vila Madalena, na capital de São Paulo. Peguei um taxi, cheguei no local onde ele morava, saltei e fui em direção à casa dele.

Estávamos por volta das 11 horas da manhã. De repente, chego no meu destino. Vejo aquele senhor magrinho, barba por fazer, regando as plantas do jardim em frente à sua casa.

– Bom dia. Sr. Jânio!

– Olá bom dia. Quem é o senhor?

– Olha Dr. Jânio, sou Mário Freitas, radialista da Rádio Sociedade da Bahia.

Ele perguntou porque eu queria fazer uma entrevista com ele. Expliquei que se tratava de uma comemoração dos 50 anos de Rádio Sociedade da Bahia.

Educadamente, ele mandou eu entrar, me pediu para sentar num sofá, esperar por alguns instantes que ela voltaria e estaria à minha disposição.

Perguntei se tinha alguma pergunta que eu não poderia fazer, no que ele me respondeu:

– Sr. Mário, estou à sua disposição. Pode perguntar tudo o que quiser. Só não sei se vou saber, ou poder lhe responder tudo o que o senhor deseja saber.

E desta forma, fiz uma das entrevistas mais comentadas nos eventos, que marcaram os 50 anos de fundação da Rádio Sociedade da Bahia -AM 740.

Ex-vereador, deputado estadual, deputado federal, Prefeito de São Paulo, ex-Presidente da República, o torcedor do Corinthians, Jânio da Silva Quadros, foi de uma incrível gentileza e respondeu, realmente, a quase todas as minhas perguntas.

Só disse que ainda era cedo para me dizer porque ele renunciou à presidência da República no dia 25 de agosto de 1961, depois de ter tomado posse em primeiro de janeiro do mesmo ano.

O mato-grossense de Campo Grande nasceu no dia 25 de janeiro de 1917. Aos 75 anos, morreu em 16 de fevereiro de 1992. Foi uma entrevista que marcou a minha carreira.

Marão Freitas

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