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Uma fantástica noite no Rio, um “bolo” e o aprendizado do meu compadre AGP

Eu sempre tive grandes amigos no Rio de Janeiro.  A frequência de vezes com que eu ia à “cidade maravilhosa” para transmitir jogos de futebol me fez conhecer muita gente.

Um desses parceiros era o saudoso Jader Cabral, um pernambucano que era radicado no Rio e conhecia a noite carioca como poucos. Ele era editor de uma revista, que fazia cobertura de shows em boites, e divulgava restaurantes e bares. Principalmente os localizados na zona Sul.

A Zona Sul do Rio, para quem não conhece, é a chamada zona nobre da cidade. Uma espécie de Barra, Pituba, Ondina, em Salvador, onde na época estavam situados os melhores bares, restaurantes e casas noturnas.

O Jader não dirigia e não tinha carro. Mas todas às vezes que eu ia para o Rio, Jader geralmente aparecia com um  amigo para nos pegar, ou no aeroporto do Galeão ou no Santos Dumont.

Lembro que numa dessas viagens estavam comigo os meus compadres Agripino Franco e Amauri dos Santos Alves,  o saudoso parceiro, inesquecível irmão e amigo, o Mamau.

Dessa vez, liguei para o Jader e ele me disse que não poderia nos pegar no aeroporto.

– Oh, Mário Freias, o meu amigo está sem carro, mas à noite passo no Hotel Plaza, lá em Copacabana, para a gente sair e dar um giro pela noite.

– Tranquilo, Jader, estamos te aguardando.

E por volta das 22 horas, chegou o Jader Cabral. Veio num táxi acompanhado de quatro belas garotas mineiras, todas de Governador Valadares, que estavam passeando no Rio.

– E ai, querem ir para onde?

Perguntou o Jader, depois de apresentar as meninas. A resposta foi uma só:

– Jader, você é o dono da noite carioca. A decisão é sua.

E fomos para o Barril 200, na época um dos “points” mais frequentados na noite carioca, localizado no início da Avenida Vieira Souto, uma das mais valorizadas do Rio de Janeiro.

Depois de tomarmos uns drinks, batermos papo, saboreamos uns tira gostos, e o Jader Cabral decidiu nos levar para a Boite Katakombe localizada na Avenida Atlântica, também em Copacabana.

Na hora de sair, perguntamos ao Jader sobre o pagamento:

– Isso aqui é tudo permuta. Faço publicidade deles na minha revista e fico com o crédito de consumo.

E lá fomos nós para a Katakombe. Já passava de meia-noite e a galera toda animada. Lembro que um dos sucessos da época era a música Saturday Night Fever, de John Travolta, do filme “Os Embalos de Sábado à Noite”

O meu compadre Mamau era um exímio dançarino. Fez sucesso na passarela. Eu nunca fui bom de dança e o meu compadre Agripino, era meio durão, mas arriscava uns passinhos.

E assim a noite foi passando. Já por volta das 3 horas da madruga era tempo de voltar para o hotel. Fizemos questão de pagar os dois taxis. Ficamos no Plaza Copacabana e Jader seguiu com as mineiras para o bairro do Flamengo.

Lembro que dessa vez não tinha jogo para fazer no Rio. Combinamos com o Jader que no dia seguinte (ou já no mesmo dia ) ele passaria para nos pegar no hotel, por volta das 22 horas.

No horário combinado, decidimos eu, o AGP e o Mamau, descer para a recepção do hotel e esperar pelo nosso amigo. Deu o horário combinado, passou meia hora, uma hora e nada.

Como não existia a telefonia celular, só nos restava esperar. E o AGP ficou zangado. O Mamau, assim como eu, ficamos calmos.

– Não é possível! Isso é coisa que Jader faça? Deixar a gente esperando aqui e nem deu nenhuma noticia. Para mim chega. Não quero mais saber de sair com ele.

Decidimos ir jantar, isso já perto da meia-noite, e quando chegamos no restaurante, na Avenida Atlântica, o AGP já estava mais calmo, embora não se conformasse com a falta do Jader.

Eu pedi um tempo para ele me ouvir. Expliquei que a atitude do nosso amigo não foi correta, mas depois de na noite anterior nos proporcionar momentos agradáveis, como jogar tudo fora, só por uma falta?

– AGP, a gente tem de olhar o passado de Jader com a gente, rapaz. Não é só por uma falta que vamos queimar o cara. O passado conta, meu  amigão.

Ele ouviu, pensou e disse que daquele dia em diante aprendeu comigo que o que as pessoas fazem com a gente no passado tem de ser levado em consideração.

E sempre que nos encontramos, o Agripino fala que aprendeu comigo a perdoar as pessoas por um erro, desde quando já tenham feito muitas coisas boas para ele.

No dia seguinte, voltamos para Salvador, mas antes de deixarmos o hotel, recebemos uma ligação do Jader Cabral, explicando os motivos pelos quais ele não pode aparecer na noite anterior.

Marão Freitas

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