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Uma resposta à altura para um “artista”no Teatro Natal em São Paulo

Até os anos 90, o chamado teatro rebolado ainda fazia sucesso nas casas de espetáculos, principalmente nas duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro.

Os shows de strip tease começavam, por volta das 2 horas da tarde e só terminavam por volta da meia noite. Algumas sessões, até, invadiam a madrugada.

Mulheres jovens e bonitas arrancavam aplausos da plateia, composta basicamente de homens. Em algumas sessões ainda podia se ver alguma mulher, mas era um fato raro.

Na década de 80, eu estava trabalhando na equipe esportiva da Rádio Clube (AM 1290) e tinha sido escalado pelo saudoso Juarez de Oliveira para fazer a primeira final do Campeonato Brasileiro.

Foi precisamente no ano de 83, e a decisão da competição foi entre São Paulo e Flamengo. O primeiro jogo foi no Morumbi, onde o Santos venceu por 2 a 1 (no domingo, 22 de maio) e o segundo no domingo seguinte, onde o time carioca venceu por 3 a 0, no estádio do Maracanã, e se sagrou campeão brasileiro.

Nas minhas idas a São Paulo, sempre gostei de dar uma passadinha pela famosa região da Rua Vinte e Cinco de Março, onde existe a Galeria Pagé e outras. Uma passagem, quase obrigatória também, era na Rua Santa Ifigênia, onde pode se encontrar qualquer tipo e material eletrônico.

Embora o jogo fosse no domingo, viajei desde a sexta-feira, dia 20, para cumprir este roteiro e também assistir um show em um dos teatros, localizados no centro de São Paulo.

Tinha um grande amigo, o taxista André, que já nos deixou. Como sempre, ele nos pegava no aeroporto e nos levava para os hotéis, onde ficávamos hospedados.

Geralmente, era no Hotel Normandie, na Avenida Ipiranga, cujo gerente era uma grande figura. O carioca, Vicente Lopes, grande torcedor do Fluminense.

Na sexta-feira, mesmo, já tinha me programado para assistir um show no teatro Natal. Verifiquei o horário, a primeira sessão começava às 14 horas e ainda dava tempo depois de dar uma passada na Rua Santa Ifigiênia.

Convidei o André para irmos ao teatro.

– Vamos nessa, grande André. Deixe o carro ai no ponto e vamos assistir um show aqui no Teatro Natal.

– Obrigado, amigo Mário. Mas preciso pegar um pessoal de Minas, que está chegando por volta das 15 horas no aeroporto de Guarulhos. Fica para outra. Obrigado.

Organizei toda a minha programação. O Hotel Normandie ficava perto do Teatro Natal (dava para ir caminhando) e fui assistir ao show das 14 horas.

Comprei o bilhete, sentei numa poltrona, próxima ao palco, e começou o show. Além do strep tease das belas garotas, tinha também alguns quadros variados.

Num desses, entrou em cena um cara, que se dizia humorista, mas contando uma piada sem graça. Por mais que ele tentasse, o máximo que conseguia era arrancar poucas risadas da plateia.

Lembro que estava com um papel no bolso, com algumas anotações, e como eu estava a fim, mesmo, era de ver as meninas, que desfilavam nuas aproveitei para dar uma olhada.

Nisso, o tal “artista” me viu lendo a anotação e falou:

– Oh, alguém aí da plateia, avisa àquele cara que existe uma sala de leitura na parte de fora do teatro.

Eu não entendi, e nem pensei que era comigo. E ele insistiu.

– Lugar de leitura é lá fora.

Eu pensei, e na hora dei a resposta:

– É melhor você melhorar as suas piadas para que todos possam sorrir.

Ele ouviu e não disse nada. Fechei o papel, confesso até que me arrependi, pois de repente poderia chegar um segurança do teatro e o “bicho” pegar para o meu lado. Mas que nada.

De repente, chegou um cara que estava perto de mim e falou:

– Rapaz, acho que você disse o que todos queriam dizer. Que cara chato do cacete.

Agradeci ao cidadão, também não voltei a ler as minhas anotações e fiquei esperando o “mala” sair de cena para voltar a me deliciar com o desfile dos lindos peitinhos das meninas, que faziam o show e estas, sim, arrancavam aplausos da galera presente, naquela tarde no Teatro Natal.

Marão Freitas.

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