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Uma transmissão histórica. E o fantástico gol de Petkovic

No ano de 2001 eu estava com a minha equipe Alto Astral na Rádio Excelsior da Bahia AM-840. E no mês de maio daquele ano, tive um dos maiores saques como chefe de uma equipe esportiva.

No dia 20, ficaram definidas os partidas finais de quase todos os campeonatos regionais, que naquela época tinha um grande apelo popular, bem maior do que na atualidade.

Aqui em nosso estado, Bahia e Vitória voltariam a campo em um jogo importante no Barradão, que foi ganho pelo mandante por 3 a 0. E no Maracanã, Vasco e Flamengo fariam também o último e decisivo jogo pelo Campeonato Carioca.

Claro que se os dois jogos fossem no mesmo horário, não teria sentido a gente fazer a transmissão do clássico carioca. Só que logo no inicio da semana, fiquei sabendo que, em função de um problema com a iluminação do estádio do Maracanã, o jogo da decisão carioca foi marcado para às 15 horas.

Foi ai então que tive uma ideia. Chamei o meu parceiro e amigo, Ferrnando Cabús, e disse a ele:

– Fernandão, vou fazer a final dio Campeonato Carioca no próximo domingo.

E ele me perguntou:

– E o Ba x Vi?

– Amigão, li hoje que o clássico carioca vai ser às 15 horas, porque o Maracanã está com problema nos refletores.

– Bela ideia!

Depois desse diálogo, pedi à secretária do departamento de esportes para pedir uma linha para o Maracanã. Hoje, as transmissões são feitas de outras formas.

Com a chegada da internet, e outros meios de comunicação modernos, não é mais preciso pedir linha telefônica para se fazer  jogos, ou qualquer outro tipo de evento. Seja de onde for.

Naquela época, existia muita concorrência entre as emissoras que faziam futebol, principalmente entre a Rádio Excelsior e a Rádio Sociedade, cada uma querendo chegar na frente da outra.

O futebol ainda não tinha chegado com força ao rádio FM aqui na Bahia. Até aquele ano, tivemos algumas tentativas, mas o sucesso não foi o esperado. As rádios Cultura e Cristal, as duas também AM, corriam por fora nas jornadas esportivas.

Pedimos a linha para o estádio do Maracanã, acertei todos os detalhes da jornada com o operador no Rio de Janeiro e falei com o Ivanildo Fontes e o Nilton Batista, que gravavam as nossas chamadas para as jornadas esportivas, que só liberassem a partir da noite da sexta-feira.

Isso foi feito com o objetivo de que nenhuma outra emissora tivesse tempo hábil de também pedir a linha. Desta forma, iriamos fazer o jogo final do Campeonato Carioca com exclusividade.

Combinei com o saudoso Carlos Sobral (o homem que jogava em todas as posições) que nós dois faríamos a grande final entre Flamengo e Vasco. A bola estava programada para rolar às 15 horas. E o Ba x Vi aqui no Barradão estava programado para às 17 horas.

Tudo perfeito e, às 14 horas já estávamos falando do então maior estádio do Mundo, com os detalhes do jogo Vasco e Flamengo. No domingo anterior, os dois times tinham jogado ali mesmo e o Vasco tinha vencido por 2 a 1.

Como o Vasco jogava por dois resultados iguais, por ter feito melhor campanha ao longo do campeonato, poderia até perder por diferença de um gol e seria campeão carioca da temporada.

Ao Flamengo só interessava uma vitória por dois gols de diferença.

A bola rolou e aos 17 minutos, o baiano Edilson fez 1 a 0 para o Flamengo. Lembro de um detalhe: neste horário, quase 15 e 30, quando narrei o gol, a torcida presente no estádio Barradão vibrou.

O médico do Bahia estava junto do nosso repórter Dito Lopes, que cobria o clube, sempre com muito brilhantismo desde aquela época, não entendeu a reação da torcida e perguntou:

– O que houve Dito Lopes?

– Gol do Flamengo, no Maracanã. Mário Freitas esta lá fazendo o jogo para a Rádio Excelsior.

Foi uma das maiores audiências do rádio baiano em jogos de futebol, pois não existiam transmissões por canais fechados e a TV aberta ainda não tinha a força que tem hoje em transmissões de jogos de futebol.

Confesso que naquela época ainda tinha um carinho pelo Vasco. Mas narrei os gols com muito profissionalismo. No final do primeiro tempo, Juninho Pernambucano empatou e o primeiro tempo terminou em 1 a 1.

O Vasco estava levando uma grande vantagem. Podia perder por uma diferença de um gol e ainda assim seria o campeão. Mas aos 8 minutos, outra vez o baiano Edilson fez 2 a 1, para o Flamengo.

Daí, até quase os 45 minutos (naquela época não existiam muitos descontos) foi o Flamengo em cima tentando o terceiro gol para ganhar o título e o Vasco no contra ataque tentando empatar para definir a parada.

Lembro que perto dos 40 minutos, num lance para o gol que fica à direita das cabines de rádio no Maracanã, Euler, invadiu pela ponta-esquerda, Viola estava sozinho na marca do pênalti pediu a bola, mas o ponteiro preferiu chutar e foi  embora a chance do empate.

E aos 43 minutos, numa falta, para alguns cavada pelo baiano Edilson, na entrada da área, Petkovic bateu e fez um dos gols mais bonitos da história do Maracanã.

Flamengo 3 a 1. Incrível e mais uma vez o Vasco perdia um titulo para o seu maior rival. Pelo terceiro ano consecutivo, pois já havia ocorrido em 1999 e 2000.

Para mim foi uma tarde de glória como narrador e chefe da equipe da minha querida Rádio Excelsior. Mas naquela data, também, o Vasco perdeu um torcedor, que durante muitos anos vibrou com as suas conquistas.

Confesso que não tenho raiva do Vasco. Apenas, desprezo. Sempre me considerei um vencedor e perder três títulos seguidos, jogando as três decisões por dois resultados iguais, foi demais para mim.

Marão Freitas

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