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O meu primeiro (e único) desentendimento por causa de um contrato publicitário

Ao longo de minha carreira como radialista, jornalista e publicitário, jamais fui procurar um cliente e por este não ter fechado um contrato cheguei no veículo de comunicação onde trabalhava para fazer críticas.

Mas numa determinada oportunidade, confesso que perdi a cabeça com um cara, com o qual tinha até um excelente relacionamento. E a propósito nunca mais ouvi falar dele.

Essa figura era Uelton do Amor, que dirigia a Itapoan Veículos, que existe ainda ali na primeira rótula do aeroporto Luis Eduardo Magalhães, no final da Avenida Paralela.

Esse fato ocorreu nos anos dois mil, quando eu estava na Rádio Excelsior da Bahia e apresentava o programa Show de Bola do Meio-Dia, das 12 às 14 horas.

Além de termos uma excelente equipe, o nosso programa era considerado um dos melhores no ramo esportivo. E a nossa audiência era realmente fantástica.

Uelton do Amor participava de um grupo que ajudava as divisões de base do Vitória, junto com Gustavo Vieira, Antônio Ferreira Neto, Jorge Tadeu e outros torcedores do clube.

Num determinado dia, falei com Uelton sobre a possibilidade de a gente colocar um comercial da Itapoan Veículos na nossa programação esportiva.

– Beleza, Marão! Vamos marcar um dia, você passa por lá e a gente fecha um contrato.

– Legal, vou ligar para a sua secretária e a gente define.

Pronto, deixamos tudo certo para eu comparecer na Itapoan Veículos. No dia certo, e na hora certa, cheguei por lá para conversar com o Uelton.

– Bom dia! Por favor, a senhora avisa a Uelton que Mário Freitas está por aqui.

Aliás, com todo respeito, era uma secretária muito bonita. Ela ligou para ele e depois me pediu para esperar por alguns minutos, enquanto ele estava tratando de um outro assunto com uma pessoa.

Esperei por alguns minutos e ela mandou que eu subisse para a sala de Uelton. Chegando lá, ele me tratou muito bem, cafezinho, água, tudo certinho.

– E aí, Marão, quanto é a cota?

– Rapaz, pode ficar tranquilo. Veja quanto você tem de verba disponível e a gente coloca na resenha do meio-dia e também nas jornadas esportivas.

Definimos os detalhes financeiros, agradeci e disse a ele que tinha de me dirigir para a rádio, pois tinha de fazer o programa do meio-dia e o tempo estava curto.

Sai da sala dele e quando desci a escada, a secretária me chamou.

– Sr. Mário, o Sr. Uelton mandou lhe avisar que o que vocês acertaram lá em cima não pode mais ser cumprido.

– A senhora está falando série?

– Sim.

Pedi a ela pra falar com ele, pelo telefone mesmo.

– Ele disse que entrou numa reunião e não pode lhe atender agora.

Respondi para ela que estava tudo bem. Confesso que perdi a cabeça, mas fazer o que? Fui para a Rádio Excelsior fazer o programa. Mas com muita raiva, pois o cara não podia ter feito aquilo comigo.

Cheguei na rádio faltando 10 minutos para o meio-dia. Liguei para um amigo empresário (por questão de ética não vou dizer o nome), pois sabia que eles mantinham ralação profissional.

Contei a história sobre o que tinha acontecido e perguntei:

– Posso soltar a porrada na Itapoan Veículos?

– Marão, por favor, me espere por cinco minutos.

E depois de cinco minutos, o meu amigo me ligou e disse:

– Liberado. Pode falar o que você quiser.

Ah, confesso que perdi a minha linha. Deixei de ser o cara calmo e educado que, normalmente era e ainda sou, e soltei a porrada no cidadão e na Itapoan Veículos.

Na era e não é o meu estilo. Mas o que ele fez com um cara que dizia ser amigo não existe. Levei uns cinco minutos soltando a madeira, e como a resenha tinha uma grande audiência, lembro que recebi várias ligações.

Entre os que me telefonaram estavam os meus amigos Reinaldo Calixto e Pedrinho Amâncio. Todos querendo saber o que tinha ocorrido e se colocando à minha disposição para intermediar e tentar encontrar uma solução para o problema.

Agradeci, mas disse que o assunto estava encerrado. E, minutos depois, Uelton começou a me ligar. Sabia o número dele e não atendia. Mas de tanto ele insistir, resolvi atender.

– Fale. O que é que você quer?

– Não estou entendendo.

– E eu também não. O que você fez comigo não se faz com nenhum ser humano. Não quero mais diálogo com você.

– Posso até lhe processar pelo que você falou.

– Processe. Você sabe onde trabalho. Não tenho medo de processo. Nunca fui processado e você não será o primeiro.

– Você não acha melhor a gente acabar com isso? Vamos fechar um contrato de seis meses, aumento até aquele valor.

– Uelton, você não me conhece. A partir de hoje, depois do que você fez comigo, o dinheiro de sua empresa não serve mais para mim.

E depois, ele tentou com a interferência de amigos fechar um contrato de publicidade comigo. Mas eu não aceitei. Ele foi muito deselegante comigo.

Mas o tempo passou, não sou de guardar mágoas e também nunca mais soube por onde ele anda. Já procurei saber de alguns amigos e estes também não sabem me dar notícias. O que mais me magoou é que o tinha na condição de amigo.

Mas vida que segue. Caso o encontre hoje, atualmente, para mim é um episódio superado. Vida que segue.

Marão Freitas.

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