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Um vôo rasante sobre as praias de Ilhéus

Ao longo da minha carreira como repórter e narrador de rádio consegui chegar a quase 10 mil horas de vôo, uma marca nem sempre alcançada por muitos pilotos da aviação comercial brasileira. Hoje vou contar uma das muitas aventuras aéreas pelas quais passei. Final da década de 70, o Leônico disputou o Campeonato Brasileiro da primeira divisão e em uma das temporadas mandou os seus jogos no estádio Luis Viana Filho, em Itabuna.

Normalmente, nós viajávamos de avião para Ilhéus ( cerca de 30 minutos de vôo ) e pegávamos um carro, mais 30 quilometros para Itabuna. Transmití um jogo no domingo, para a Rádio Excelsior, e na segunda-feira voltei para Salvador. De manhã cedo, fui de táxi para Ilhéus e, por volta das 13 horas, peguei um vôo da Vasp para Salvador. Era um Boeing 737. Lembro que nesta viagem estava o meu saudoso amigo, deputado e ex-presidente do Vitória, Ney Ferreira.

O avião decolou do aeroporto de Pontal ( Ilhéus ) e não conseguia ganhar altitude. Por coincidência, estava sentado numa poltrona ao lado do experiente narrador pernambucano, Walter Spencer, que já tinha feito a cobertura de três Copas do Mundo. Ele estava vindo de Belo Horizonte, onde foi transmitir um jogo de um clube pernambucano no Mineirão.

O avião, praticamente, sobrevoava o mar e depois as praias do litoral Norte da cidade. Spencer não se conteve.

– Meu Deus. O que está acontecendo ? Este avião está com problemas. Estamos voando baixo. A asa vai bater no mar, vamos cair.

– Calma rapaz. Está tudo bem. Falei para ele, mas, também, muito apreensivo.

Spencer abriu uma sacola, pegou uma caixa de remédios, engoliu uns três ou quatro comprimidos de uma só vez ( não lembro o que era ) e  demonstrava um incrível nervosismo. Aos poucos, o avião foi se estabilizando e fizemos uma excelente viagem até Salvador. Após o pouso, esperei que todos os passageiros saissem do avião e fui falar com o piloto.

– Comandante . O que houve alí na saída de Ilhéus ? Nada, rapaz. Fiz aquilo para vocês olharem as meninas bonitas que estavam de biquini na praia.

Respondeu o comandante, com um sorriso discreto. Pela reposta dele, entendi que houve, realmente, algum problema com o Boeing. Mas, graças a Deus chegamos sãos e salvos e cumprimos mais uma missão, nesta nossa longa carreira de muitas viagens e jornadas por esta Bahia, Brasil e mundo afora..

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