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Uma verdadeira maratona para entrevistar Sandra Bréa. Mas valeu a pena

Já contei outras histórias sobre as minhas entrevistas feitas no ano de 1974, para comemorar os 50 anos da Rádio Sociedade (AM-740). Na oportunidade, eu fazia parte da equipe de França Teixeira que apresentava a resenha do meio-dia e também narrava jogos de futebol na equipe esportiva.

Viajei para o Rio de Janeiro e São Paulo com uma pauta enorme de pessoas importantes para eu tentar conseguir fazer as entrevistas. No Rio, entre vários nomes, estava o da então estrela de cinema e televisão, a bela e saudosa Sandra Bréa.

Aliás, anos mais tarde ela fez questão de assumir que estava infectada com o vírus do HIV, mas que poderia  morrer até atropelada, mas não morreria por causa desta doença.

Aos 47 anos, no dia 11 de maio de 2000, devido a complicações respiratórias e problemas no pulmão, deixando uma lacuna muito grande no mundo artístico, ela não resistiu e morreu.

Mas naquele ano de 74 eu fui na sede da extinta revista Amiga, que ficava no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Fiz uma excelente amizade com um rapaz chamado Arnaldo. E este me deu o endereço da Sandra Bréa, além de outros nomes de destaque no rádio e na televisão.

Nossa, era muito distante. Ela morava na Floresta da Tijuca. Não podia fazer contato para agendar, porque na época não existia telefonia celular, e eu também não tinha o número fixo da casa dela.

Mas topei o desafio. Pensei comigo mesmo, vou encarar. Lembro que estava hospedado na casa dos amigos, Fábio e Tatiana, na Rua Andrade Pertence, no bairro do Catete.

Por volta das 5 horas da tarde, acertei com um taxista para ele me levar na Floresta da Tijuca. O motorista me advertiu que era uma corrida cara, pois o lugar era muito longe.

– Eu estou sabendo, mas preciso ir lá para fazer uma entrevista com a Sandra Bréa, atriz de cinema e da Rede Globo. Falei.

Pronto. E começamos a nossa jornada. Passamos por toda a praia de Copacabana, Avenida Niemeyer, deixamos para trás o famoso Hotel Nacional. E vamos nós.

Tinha o endereço anotado. E o motorista também era esperto. E depois de mais de uma hora, (uma verdadeira viagem) conseguimos chegar na porta da casa da artista. Isso já por volta das 8 horas da noite.

E agora? Saltei e toquei a campainha. Veio uma senhora e eu perguntei?

– Boa noite, a Sandra Bréa está?

– Ela não chegou ainda. Quem quer falar com ela? Perguntou a senhora.

Expliquei o motivo da minha ida, naquele horário, ela me entendeu e mandou eu entrar.

– Entre. Espere aqui na sala. Ela deve chegar, com o marido dela, por volta das 9 e meia.

Voltei, falei com o motorista e disse que ele não se preocupasse com o tempo parado, pois eu iria compensar na hora de fazer o pagamento. Só não chamei o cara para entrar.

Antigamente, era mais fácil. Hoje, eu não conseguiria chegar nem perto da rua onde ela morava. Nem muito menos para esperar na sala de visitas. Mais ou menos na hora que a senhora falou que ela chegaria, entrou um carro na garagem.

A Sandra Bréa saltou primeiro, em seguida veio o marido dela. Eu me identifiquei e disse o motivo pelo qual estava ali naquela hora. Lembro da reação do marido dela.

– Não era para você estar aqui a esta hora. Estamos cansados. Mas já que você está aqui, fazer o que, né? É Sandra, dá a entrevista para ele. Mas não pode ser uma coisa longa.

Expliquei para os dois que ela foi uma das personalidades escolhidas para dar entrevistas nas comemorações do cinquentenário da Rádio Sociedade, a mais antiga emissora da Bahia.

E ela foi muito legal. Lembrou, até, que teve uma cozinheira que era da cidade de Teixeira de Freitas. Ficou muito descontraída e a entrevista durou, mais ou menos 45 minutos. Tenho esta fita arquivada até hoje.

Lembro que o casal tinha preferência clubística diferente; um torcia para o Botafogo e o outro para o Flamengo. E lembro de ter feito esta pergunta? E em dia de clássico, como fica o relacionamento de vocês?

– Sem problemas. De noite, na cama, um consola o outro. Quando dá empate, então, fica melhor ainda.

E foi realmente uma das grandes entrevistas que fiz ao longo da minha carreira. Além do mais, ela colaborou bastante, mesmo já sendo tarde da noite, ela foi muito gentil.

Depois de agradecer muito a ela e ao marido, beber água, ainda ofereci um copo ao motorista, voltei para o bairro do Catete. E olha, chegamos quase por volta da meia-noite.

E voltei feliz da vida, afinal cumpri uma meta e tive a alegria de entrevistar uma das minhas “musas” no cinema e na televisão, a bela Sandra Bréa, que nos deixou muito cedo. Até hoje, continuo vendo os seus filmes em canais fechados de televisão.

O dia em que fiz uma verdadeira maratona para entrevistar a famosa e saudosa atriz, Sandra Bréa, foi mais uma das páginas marcantes nesta minha longa carreira no rádio baiano.

Marão Freitas.

 

Foto: Reprodução

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